Várias iniciativas dão visibilidade à música autoral de BH

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
16/06/2016 às 17:19.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:55
 (Glaucia Souza/Divulgação)

(Glaucia Souza/Divulgação)

Muito se fala sobre uma efervescente cena musical da capital, recheada com ótimos instrumentistas, cantores e compositores. Mesmo com uma exuberante qualidade, boa parte dos belo-horizontinos ainda não conhece a produção artística que circula pela cidade. Por isso são tão importantes os eventos que visam dar visibilidade à produção local e dar maior sustentabilidade aos artistas. 

É o caso do “Festival BH Cena Autoral”, que realiza sua primeira edição esta noite, no Granfinos. Trata-se de um projeto conjunto da casa de shows com a Maloca Produtora, uma empresa especializada em desenvolver conteúdo audiovisual para músicos.
Cinco bandas vão subir ao palco – Carmen Fem, Cromossomo Africano, Desorquestra, Djambê Banda e Maurinho e os Mauditos – e os shows serão gravados. Depois, vídeos com entrevistas e cenas das apresentações serão colocados no YouTube. Além disso, duas músicas de cada artista, registradas na noite, serão inseridas em um disco. 

“Foi uma oportunidade de ampliar os trabalhos da Maloca, com gravações em um lugar com estrutura de palco, luz e som, filmando o contato entre a banda e o público”, afirma Daniel Cosso, da Maloca. 

Feito de forma independente, o festival tem a intenção de beneficiar todos os lados: a casa ganha com a venda de bebidas, a produtora fica com a bilheteria e as bandas recebem um material audiovisual e destaque nas redes sociais. A próxima edição deve acontecer em setembro e os artistas serão escolhidos via edital.

Fidelidade

Poucas pessoas conhecem a cena musical de Belo Horizonte tão bem quanto Marcelo Santiago, que há dez anos está à frente do blog Meio Desligado. Ele sabe que, embora não seja muito grande, o público interessado num universo “indie” é bastante fiel. “As pessoas gostam de se sentir diferentes ao descobrir novas bandas que a maioria ainda desconhece”, afirma Marcelo.

Além de divulgar música por meio da internet, ele passou a realizar ações por meio da produtora Quente. Seu próximo evento, que comemora dez anos do Meio Desligado, acontece amanhã, n’A Autêntica, contando com Guizado e E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, ambos de São Paulo, além da mineira Sara Não Tem Nome, destaque da cidade quando o assunto é música ou artes plásticas.

Sustentabilidade

Segundo ele, o importante é fazer com que os eventos sejam sustentáveis. “Nas produções mais alternativas em que trabalho, o crucial é sempre fazer parcerias para reduzir os custos. E quando os artistas aceitam que ‘valem quanto pesam’, topam receber bilheteria em vez de um cachê fechado, é mais seguro para o produtor”.

“Sinto que a cena autoral tem melhorado porque existem mais espaços para os artistas se apresentarem, como A Autêntica, Benfeitoria e os vários teatros da cidade. Com a manutenção desses locais e mais espaço nos veículos de comunicação, os artistas autorais terão mais espaço”, completa Marcelo.Pedro Gontijo/Divulgação / N/A

Bronnco Billy é atração deste sábado do Jack Experience

Em meio ao cover

O Circuito do Rock é uma empresa famosa na cidade por oferecer shows de bandas covers em suas três casas noturnas: Jack Rock Bar, Circus Rock Bar e Lord Pub. Há um ano, a empresa abriu espaço para projetos autorais. Realizado no Jack Rock Bar, o “Jack Experience” apresenta a combinação entre uma banda autoral e duas covers. Amanhã, será a vez de Diego Faria, líder da banda Bronnco Billy e os Mangas Coloradas, apresentar o seu trabalho autoral dentro do projeto. 

“Queremos dar ‘movimento’ à cena, acabar com essa história de que ‘não se faz rock como em outros tempos’ e para isso o principal é transformar a experiência (daí o nome do projeto) de quem vai às casas do Circuito: fazer com que a balada também seja composta de um momento de apreciação, de parar para conhecer um som novo”, afirma Bruno Vilaça, produtor do Circuito do Rock.

Ele lembra que as bandas têm usado o projeto para promover lançamentos. “Gamp lançou EP no projeto e a Gabi Mello lançou vídeo com a participação de Wilson Sideral. O Tempo Plástico lançou clipe no ‘Jack Experience’ no último show deles em BH antes de partirem para o SXSW”, conta Bruno, lembrando que Oceania, novo projeto de Gustavo Drummond (ex-Diesel e Udora), se apresenta no projeto no dia 25.

Autêntica

A Autêntica nasceu com a proposta de ser a casa da música autoral em BH. E foi além: criou um projeto que abre o palco para artistas iniciantes, ainda em fase de construção de agenda de shows. O projeto “Sessões Autênticas”, que terá a próxima edição na quinta-feira, dia 23, é um palco aberto para qualquer músico que queira chegar e tocar, sem restrição de gênero ou sonoridade.

“A gente quer que o palco da casa seja o mais democrático possível, mas nem sempre dá para atender todas as bandas que nos procuram. Essa é uma ideia que permite que todos tenham chance, especialmente os iniciantes”, conta Bernardo Dias, músico e sócio d’A Autêntica. 

O projeto tem um case de sucesso: a banda Young Lights, que foi a duas edições das “Sessões Autênticas” e levou público. “Uma vez em que ficamos com uma data aberta decidimos chamar o grupo para tocar. Os garotos correram para promover o show e se apresentaram para uma casa cheia”.

Intimistas

Os artistas da cidade também contam com projetos de formato intimista, com um enfoque mais acústico. É o caso da “Mostra Cantautores”, capitaneada pelos músicos Luiz Gabriel Lopes e Jennifer Souza. O projeto nasceu como um espaço de visibilidade para artistas que tocam, compõem e cantam as próprias músicas, e cresceu conforme foi aprovado em leis de incentivo. Agora, o projeto se desdobrou nas “Noites Cantautores”, realizadas de maio a outubro, no Teatro Espanca! A próxima edição acontece no dia 1º de julho, com Paulo Rocha e Andrea Bazán.

Outra iniciativa interessante é o “IDEA em Concerto”, realizado gratuitamente pelo Idea, espaço cultural localizado no bairro Funcionários. “É um projeto que promove encontros inusitados entre artistas que nunca dividiram o mesmo espaço com seus trabalhos. Eles sobem juntos ao palco do auditório Nélida Piñon e realizam um espetáculo conjugado, um vai interferindo no show do outro, criando assim outras camadas de percepção”, explica o produtor do evento, Luan Nobat. 

Segundo ele, as cinco edições do projeto já realizadas tiveram sucesso e casa cheia. “A escolha das atrações se dá a partir de critérios estéticos. Tentamos sempre combinar gêneros musicais distintos no mesmo palco para estabelecer dobradinhas mais esquisitas. O projeto também realiza o registro audiovisual dos shows e vai lançar uma série a partir de julho”, completa. Já estiveram no palco, o próprio Nobat com Daniel Nunes (Constantina); Sentidor e Barulhista; Robert Frank (Pelos) e Bruno César (Hotel Catete); André Travassos e Henrique Cunha; Leonardo Marques e Frederico Heliodoro.

0. “Festival Meio Desligado” n’A Autêntica (rua Alagoas, 1172), amanhã, às 22h. Gratuito, mediante retirada do ingresso no sympla.com.br

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