Variedade marca o terceiro disco de Mariana de Moraes

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
03/11/2014 às 08:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:52
 (Marina novelli)

(Marina novelli)

Mariana de Moraes não quer mais ser lembrada apenas como neta de Vinicius de Moraes ou intérprete de “Coisa Mais Linda”. Em seu terceiro álbum, ela quis mostrar um trabalho completamente inesperado, que fugisse da sutileza da bossa nova. E conseguiu atingir o objetivo em “Desejo” (Biscoito Fino), disco que foi produzido por José Miguel Wisnik, Alê Siqueira e Marcelo Costa.

Aqui, Mariana navega pelos mais diferentes gêneros – com direito a forró e funk sofisticados. “Quis um disco quente, que tivesse toda a nossa miscigenação. Um disco com o calor que a cultura negra trouxe para as Américas”, afirma Mariana. “Queria abraçar o Brasil todo, mostrar como a gente tem uma música excepcional em todas as regiões”.

Quase todo o repertório foi escolhido pela própria Mariana, mas entre as 13 faixas tem algumas coisas levadas para o estúdio – por sinal, a maior parte das gravações foi feita no estúdio de Guilherme Arantes, no litoral baiano.

Foi Alê Siqueira quem teve a ideia de “Taboo”, música dos anos 30 composta pela cubana Margarita Lecuona. Foi uma oportunidade de combinar atabaques brasileiros do Candomblé com tambores cubanos da Santeria. Para representar melhor ainda o sincretismo, ela ainda inseriu um trecho de “Canto de Iemanjá” (afro-samba da dupla Vinicius/Baden Powell).

“É uma música forte, que mostra uma irmandade e uma referência à cultura africana. Isso tem tudo a ver com o disco”, diz a cantora, que interpreta ainda músicas de Caetano Veloso, Luiz Melodia, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto (musicando poema de Wally Salomão) e outros mestres.

O disco está recheado de participações especiais – como Antonio Cicero, Jorge Mautner e outros – mas o destaque fica por conta de Dominguinhos, morto em julho do ano passado. Ele já estava doente na época da gravação do álbum, mas conseguiu deixar sua marca em uma nova versão para “Assum Branco”, de José Miguel Wisnik.

Tolerância

Mariana acredita que seu álbum tem um recado político importante a ser dado neste momento. Totalmente contra os rótulos de gêneros, ela propõe um exercício de união e tolerância.

“Daí vem o nome ‘Desejo’. O álbum é resultado da minha experiência na infância. Na casa do meu avô, não havia somente os bossanovistas, mas também a turma da Tropicália, o Luiz Melodia, o Nelson Cavaquinho. Essas pessoas dialogavam e não era à distância. Elas se encontravam, se admiravam, se respeitavam. O disco é sobre a possibilidade de convivência entre diferentes gêneros”, afirma Mariana, que deve viajar com show no ano que vem. “Vou aproveitar para cantar as que ficaram de fora do disco”.

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