30 anos sem Freddie Mercury, a voz mais poderosa do rock mundial

Agência Brasil
24/11/2021 às 16:55.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:19
 (Reprodução / Facebook / Queen)

(Reprodução / Facebook / Queen)

No dia 24 de novembro de 1991, há 30 anos, o mundo do rock ficava sem um dos seus maiores talentos. Com apenas 45 anos, Freddie Mercury, o vocalista, pianista e principal compositor da banda inglesa Queen, perdia a batalha para o vírus da Aids. Numa época em que o remédio mais eficaz contra a doença ainda era o AZT (azidotimidina) e os coquetéis antirretrovirais não haviam sido descobertos; o preconceito contra os soropositivos era imenso.

Talvez, por isso, apesar dos boatos insistentes dos tabloides britânicos, como o The Sun, que já vinham noticiando durante todo aquele ano de 1991 que Freddie Mercury tinha Aids, o astro pop só declarou oficialmente que era portador do vírus HIV um dia antes de morrer.

Últimos dias

Os sinais de que o vocalista do Queen, declaradamente homossexual, convivia com o HIV pareciam claros para os fãs: a banda não fazia turnês desde 1986. Nas raras aparições públicas, ele estava bem mais magro e, nos dois clipes que foram feitos para promover o álbum "Innuendo", as imagens eram em preto e branco e Freddie aparecia maquiado (como em "These Are The Days Of Our Lives" ) ou fantasiado (como em "I'm Going Slightly Mad").

Para o baterista Roger Taylor, “colocá-lo caracterizado era uma boa camuflagem. A maquiagem, a peruca, o preto e branco, ajudaram a esconder o fato de que Freddie já estava bem doente”. Naquele que foi o último álbum de estúdio do Queen com Freddie Mercury, os fãs também consideraram a música "The Show Must Go On" uma despedida em vida. Afinal, alguns trechos do single diziam "O show tem que continuar / vou enfrentar com um sorriso / eu nunca vou desistir".

O irlandês Jim Hutton, namorado de Freddie Mercury até os últimos dias, conta no livro "Mercury and Me" que o exame fatídico foi feito em abril de 1987: “Quando cheguei em casa, Freddie estava na cama. Logo me mostrou uma marca no ombro. Os médicos tinham tirado um pedaço da pele para fazer uns exames. O resultado tinha acabado de chegar. Freddie estava com aids. ‘Se você quiser me deixar, eu vou entender’, ele me disse. Eu esperava por um milagre, um diagnóstico errado”.

De Zanzibar para o mundo

Freddie Mercury, nascido em Zanzibar, atual Tanzânia, em 5 de setembro de 1946, sob o nome de Farrokh Bulsara, realmente, não desistiu. No último ano de vida, mudou com os outros três integrantes da banda para a pacata cidade suíça de Montreux, para ficar próximo ao estúdio de gravação. “Freddie dizia, eu posso ir hoje por algumas horas. E nós aproveitávamos para tirar o melhor dele. Ele dizia, escrevam qualquer coisa, que eu canto”, lembra o guitarrista Brian May em entrevista ao documentário "Champions of The World", editado quatro anos após a morte de Freddie.

O Queen "reinou" por duas décadas no cenário do pop rock. Desde que se uniram em 1971, Freddie Mercury, Brian May (hoje com 74 anos), Roger Taylor (72) e John Deacon (70 anos e atualmente afastado da cena musical) surpreenderam os críticos com um rock progressivo, cheio de nuances e experiências, como o uso de harpa na versão original de "Love of My Life", vocais sobrepostos em "Somebody to Love" ou ainda, um trecho de ópera no meio de "Bohemian Rhapsody". Logo que eram lançados, seus hits viravam clássicos e atingiam o topo das paradas, como "We Are The Champions" e "We Will Rock You", em 1977.

Nos anos 1980, percebendo a mudança no rumo da música, o Queen deixou de lado o rock'n roll  e se aventurou no estilo disco (o álbum "Hot Space" era a cara das discotecas) e principalmente, na música Pop (basta lembrar os sucessos "I Want To Break Free" e "A Kind Of Magic"). Para mostrar a versatilidade da banda, fizeram ainda trilhas sonoras para filmes, como "Flash Gordon" e "Highlander".

Voz poderosa

Em 2016, um grupo de cientistas austríacos, checos e suecos investigou o vibrato e o tom de voz de Freddie Mercury. A investigação mostrou que os vibratos (vibrações produzidas pelo tremor nervoso no diafragma e laringe para libertar a nota de voz) variavam de 5,4 Hz a 6,9 Hz. Chegando a 6,9 Hz já é extraordinariamente poderosa. Foi constatado que o vibrato da voz de Freddie Mercury era de 7,04 Hz, muito acima da média. Tamanho alcance explica o sucesso da parceria com a cantora lírica espanhola Montserrat Cabellé que, em 1988, gravou um álbum inteiro com Freddie Mercury.

Recorde de público no Brasil

No auge da forma, o Queen se exibiu no Brasil com dois shows no Morumbi, em março de 1981. Nesta época, Freddie já destoava da imagem dos demais vocalistas de bandas de rock: cabelos curtos, bigodão e sem camisa durante todo o show. Mas foi no Rio de Janeiro, durante a primeira edição do Rock in Rio, que a banda alcançou seu recorde de público (mais de 250 mil pessoas) em cada uma das noites (11 e 18 de janeiro de 1985).

As composições do Queen eram tão populares no Brasil que o próprio Freddie Mercury ficou surpreso ao ouvir toda plateia, cantando a uma só voz em uma país que não se fala inglês, os versos da música "Love of  My Life".

Post mortem

A morte do vocalista impediu a banda de continuar sua trajetória e de lançar hits que caíam no gosto popular a cada ano. O guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor tentaram, em vários momentos, ressuscitar a banda. Fosse em álbuns póstumos, fosse utilizando outro vocalista, como Paul Rodgers ou Adam Lambert.

A imagem que Freddie Mercury construiu no imaginário de toda uma geração sempre impede o total sucesso das empreitadas, já que as comparações são inevitáveis.O último grande sucesso e que serviu para mostrar todo o esplendor do Queen para as novas gerações acabou sendo o filme biográfico "Bohemian Rhapsody", lançado em novembro de 2018, em que o norte-americano Rami Malek deu vida à Mercury.

Sua atuação foi tão perfeita que ele levou o Oscar de Melhor Ator.

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