Verão Arte Contemporânea dribla dificuldades financeiras e chega à 13ª edição

Lucas Buzatti
22/01/2019 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:09
 (Flávio Charchar/Divulgação)

(Flávio Charchar/Divulgação)

Pérola da agenda cultural de BH, o Verão Arte Contemporânea (VAC) chega, neste ano, à 13ª edição. Até dia 17 de fevereiro, o festival promove 24 atrações, em 11 espaços da cidade, incluindo artes visuais, literatura, gastronomia, música, dança, cinema e teatro. 

A abertura do evento, realizado pelo Grupo Oficcina Multimédia (GOM), acontece nesta quarta (23), com o show “Caminhando Contra o Vento”, no Sesc Palladium. No palco, Aline Calixto se reúne com a Orquestra UFS Jazz Big Band, de São João del-Rei, e recebe as cantoras Assucenna e Raquel Virgínia (da banda As Bahias e a Cozinha Mineira). 

O nome do show de abertura não poderia ser mais propício. Afinal, para fazer esta edição do VAC, foi preciso driblar dificuldades. “Em 2018, fomos aprovados pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, mas não conseguimos captar. Também fomos aprovados pela Lei Municipal, que só foi homologada em novembro e o prazo ficou curto. Ou seja, as perspectivas para o VAC eram bastante negativas”, detalha Jonnatha Horta Fortes, um dos coordenadores do evento.

Diretora do GOM, Ione de Medeiros ressaltou que, mesmo diante da possibilidade de não conseguir recursos, os artistas convidados toparam participar. “Foi gratificante receber esse apoio, que funcionou como estímulo para que déssemos continuidade à produção. Mas, infelizmente, essa precariedade vem se repetindo”, afirma, lembrando que a palavra de ordem do VAC em 2018 foi “mágica”, diante da situação financeira dificultosa. 

Mas, para este ano, segundo Ione, nem a palavra “mágica” funcionou. “O preocupante é que isso resulta no empobrecimento da cultura na cidade e não podemos nos acostumar. Precisamos refletir constantemente sobre a política cultural que estamos construindo”, diz.

O VAC será realizado com R$ 167 mil, que incluem ainda apoios do Sesc e do Banco do Brasil. “O patrocínio chegou na última hora, neste mês, viabilizando realização do evento com melhores condições”, informa Jonnatha, que ressalta o patrocínio do Uni-BH.João Castilho/Divulgação

O dramaturgo e diretor de teatro João das Neves, falecido em 2018, será reverenciado no festival, incluindo show com participação de Titane, esposa dele

Programação

A programação desta edição manteve o cuidado para com a curadoria. “Mantemos a marca da diversidade, trazendo espetáculos e atividades pautados na pesquisa e na experimentação, que confirmam o espaço da cultura de raiz e da cultura pop urbana”, coloca a diretora do GOM.

Ela expõe que o festival só inclui títulos que tenham estreado no máximo dois anos antes. “Isso garante caráter de frescor, renovação e contemporaneidade, estimulando a produção local e a renovação do repertório dos grupos”.

Além do show de abertura, foi destacada a homenagem ao dramaturgo e diretor de teatro mineiro João das Neves, falecido no ano passado. A reverência vai durar três dias e contará com duas apresentações do espetáculo “Madame Satã” e um show reunindo músicos como Titane, Rufo Herrera e convidados.

“Quando surgiu essa ideia de homenagear João, pensei logo em cantar canções que Rufo fez, musicando seus poemas. A outra parte do repertório são canções que eu escolhi com o Túlio Mourão e que o João gostava muito”, revela Titane, que era esposa do artista. 

Emocionada, a cantora falou sobre as lembranças do marido. “Enquanto tiverem atores em cena, ele estará vivo. Por isso, convidamos todos para celebrar a vida dele, que foi uma vida linda, de alguém que sempre acreditou nas pessoas, que nunca se deixou levar pelo lado difícil da sociedade”. 

Na lista

Na 13ª edição do VAC estão inclusos espetáculos teatrais como “Glória” (Toda Deseo), “Ópera Bruta” (Bacurinhas) e “Jornada”, estreia da companhia Planos Incríveis. Na música, acontecem shows de Fred Selva e Felipe Continentino, Gustavito Amaral e Thiago Braz, Unión Latina, Artur Andrés Ensemble e Júlia Branco, dentre outros. 

Já no cinema, o VAC homenageia a francesa Agnès Varda com uma grande mostra. A literatura conta com a “Feira Textura”, enquanto a dança tem como atração o “Palco Hip-Hop”. As artes visuais dispõem de trabalhos de Daniel Jack e de Desali e o coletivo Videoardi. A lista completa está no veraoarte.com.br.

Serviço
Abertura do 13º VAC. Aline Calixto e Orquestra UFS Jazz Big Band. Nesta quarta-feira (23), às 20h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420 – Centro). Ingressos: R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia)

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