Vibrafone se encontra com violino em raro projeto

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
17/08/2014 às 13:44.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:49

É possível realizar um álbum inteiro usando apenas dois instrumentos de sonoridade aguda? O vibrafonista mineiro Antonio Loureiro e o violinista paulistano provam que sim no álbum “Herz e Loureiro”, lançado pela Borandá. Um encontro improvável que provoca uma sensação inicial de estranhamento no ouvinte, mas que depois se desenvolve para a curiosidade e a apreciação.   Os dois se conheceram em São Paulo, apresentados por Benjamim Taubkin, mas a vontade de fazer algo juntos só surgiu em Paris, em 2010, quando Loureiro realizou o show de lançamento de seu primeiro disco e convidou o violinista para uma canja. “Falei ‘poxa, vamos fazer um trabalho nosso, vai ser doido a união entre vibrafone e violino’. Já faz um tempo que estamos nessa experimentação”, conta Loureiro, que há quatro anos trocou Belo Horizonte por São Paulo.   A química do álbum conta com um terceiro elemento importante. Direção de gravação, produção musical, captação, mixagem e masterização são processos assinados por André Mehmari. No repertório, estão três versões para músicas de outros compositores – “Baião de Lacan”, de Guinga e Aldir Blanc; “Sambito”, de Lea Freire; e “Cego Aderaldo”, de Egberto Gismonti – e novos arranjos para composições de ambos. Além de, claro, uma criação da dupla para esse projeto, a música “Por Cima da Barra”.   “Estamos navegando em águas relativamente desconhecidas”, afirma Loureiro, dizendo que não encontrou referências na internet a um trabalho entre vibrafone e violino. “É um desafio para os dois. É uma linguagem mais vazia e temos que preencher os espaços com instrumentos que não possuem grave”.   Toda a construção desse trabalho é feita no estúdio, seja para a livre criação quanto para os muitos ensaios. “Toda adaptação fazemos, preferencialmente, sem a escrita. O papel é apenas um guia, mas não a base para a nossa interpretação”.   Loureiro também prefere não falar em erudito ou popular ao se referir ao disco. “Não há prateleira nas lojas para a música que a gente faz. Então, o melhor é apenas dizer que é música instrumental brasileira. Não é bom criar o rótulo porque bebemos de todas as fontes”.

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