Em suas várias andanças pela Argentina e pelo Chile, o violonista Chiquito Braga conheceu outros mestres do instrumento, que ficaram loucos para conhecer a tão comentada Minas Gerais. Não demorou muito para que o argentino Luis Salinas e o chileno Christian Gálvez viessem a Belo Horizonte.

Aqui conheceram também Toninho Horta e Juarez Moreira – que convidou toda essa turma para integrar um projeto que culmina na gravação de um disco, que será batizado de “Cuerdas Del Sur”, e um show, a ser realizado esta noite, no Teatro Bradesco. A apresentação conta com a participação dos músicos Kiko Mitre (baixo) e Esdra Neném (bateria).
 
Coletivo
 
A intenção do projeto é mostrar uma construção coletiva, feita por instrumentistas de três países, com contribuição dividida de forma harmônica: estão sendo gravadas duas músicas de cada um, no Estúdio Engenho, localizado no bairro Jardim América.

“Não temos diretor musical. As músicas estão sendo feitas no estúdio, com cada um dando a sua opinião. É um projeto que tinha tudo para ser muito difícil, mas que está acontecendo muito bem”, conta Juarez Moreira, que conseguiu viabilizar o show desta quinta (18) com o patrocínio que recebeu para uma turnê – por isso os outros músicos aparecem nos créditos como “convidados”.

O baixista chileno Christian Gálvez, que há 20 anos vem tocando com artistas do mundo inteiro (entre brasileiros, já se apresentou com Ivan Lins e Leny Andrade, por exemplo), diz que um projeto deste vulto contribui de forma importante ao processo de aproximação e intercâmbio artístico entre hispânicos e brasileiros.

“Há um problema de integração que vem se resolvendo aos poucos. O Brasil não é o mesmo de 20 anos atrás e a música também está bem diferente, especialmente porque há muitos artistas brasileiros dialogando com músicos latino-americanos”, afirma o chileno.

Para ele, o projeto vai muito além da produção de um disco. “É a representação da integração de uma grande família sul-americana”.
 
Aprendizado
 
Segundo Juarez, está sendo a oportunidade de fazer um trabalho diferenciado, em que todos aprendem mais sobre sonoridades e formas de fazer.

“Os dois são grandes admiradores da música brasileira e, por outro lado, somos brasileiros que gostam da música latina. Era preciso ter um momento de aproximação”, afirma Juarez Moreira.
 
Juarez Moreira convida Luis Salinas, Toninho Horta, Chiquito Braga e Christian Gálvez – O encontro será nesta quinta-feira (18), no Teatro Bradesco (rua da Bahia 2244, Lourdes). Às 21h. R$ 20
 
Chiquito Braga prepara o primeiro álbum de sua carreira

Chiquito Braga já tocou com muita gente interessante do universo da MPB: Gilberto Gil, Jards Macalé, Dorival Caymmi, Alaíde Costa, Tim Maia, Elizeth Cardoso e muitos outros. Mas somente agora, aos 79 anos, está trabalhando o primeiro álbum solo da carreira. O disco está em fase de mixagem, mas ainda não tem nome.

“Decidi gravar depois que todo mundo passou a insistir para que eu fizesse um disco. O Dori Caymmi foi o primeiro a falar”, diz Chiquito, que não sabe dizer ao certo o porquê da demora. “Talvez por timidez, talvez porque mexo muito com meu lado espiritual, fazendo ioga e meditação, e ando meio desligado desse mundo”.

Vale dizer que não foi por falta de composições que o álbum ainda não havia sido feito. Chiquito tem uma gaveta lotada de músicas. “Amor em Movimento”, d’Os Cariocas, por exemplo, é uma parceria entre ele e Ronaldo Bastos.
 
Admiração
 
Chiquito começou a tocar com três anos de idade, primeiramente com um cavaquinho. No fim da adolescência, passou a integrar bandas de baile como guitarrista e violonista e não demorou muito a chamar a atenção de artistas consagrados.

Dono de uma maneira moderna de tocar violão, foi referência para muitos integrantes do Clube da Esquina, especialmente para Toninho Horta. “Ia muito à casa de Toninho, pois era muito amigo do irmão dele, o Paulinho Horta. Desde pequenininho, Toninho ficava pertinho, me vendo tocar”, lembra Chiquito, que integrou a programação do Festival Internacional de Violões ano passado.

Chiquito é o elo de ligação do projeto “Cuerdas Del Sur”. Ele é a pessoa que fez amizade com Luis Salinas e Christian Gálvez, vivenciando um processo de aprendizado mútuo com os mais jovens. “O Christian veio a BH, em outubro, para tocar no meu disco. Estava tão interessado em conhecer Minas, que trouxe as duas filhas e a esposa”.
 

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