Com produção anual de 440 mil toneladas de carvão vegetal a partir de florestas renováveis nas cidades de Capelinha, Itamarandiba, Turmalina, Minas Novas, Veredinha e Carbonita, no Vale do Jequitinhonha, a Aperam BioEnergia inaugurou ontem a linha de produção do maior e mais sofisticado forno de produção de carvão vegetal do mundo, conforme a companhia. Para abastecer o novo forno, são necessárias 34 carretas de madeira. 

Instalado na unidade de Turmalina, o FAP 2000 tem 2 mil metros cúbicos de capacidade e vai aumentar em 30% a produção do insumo que é 100% destinado para o parque siderúrgico da Aperam South America, na cidade de Timóteo, no Vale do Aço, onde são fabricados aço inox e aços elétricos especiais. 

A qualidade do produto também será melhorada, para atingir maior eficiência energética na queima. O equipamento foi desenvolvido internamente pela companhia, pelos engenheiros e profissionais do setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Segundo o presidente da Aperam BioEnergia, Frederico Ayres Lima, a execução do projeto mobilizou empresas da região, que foram previamente capacitadas para essa obra. 

“O novo forno é uma inovação muito grande, tanto na dimensão quanto na tecnologia usada. O equipamento é totalmente automatizado e vai gerar ganhos substanciais para o negócio”, destacou. Lima não divulgou o valor total do investimento no projeto.

Atualmente, a empresa tem 282 fornos da tecnologia anterior - RAC 700 - que também foi desenvolvida internamente há cerca de 15 anos. Para cada três deles, que chegarem ao final da vida útil, será instalado um novo FAP 2000, com produtividade três vezes maior.

O executivo explicou, ainda, que a produção de aço da Aperam South America tem se mantido estável nos últimos anos, o que tem sido acompanhado pela Aperam BioEmergia. 

No entanto, a eficiência energética do processo é um dos focos da siderúrgica. “A Aperam é a única empresa que produz 100% do seu aço com carvão vegetal. Isso traz a marca de ‘aço verde’, um conceito que deve ser valorizado porque é fruto de tecnologia nacional”, enfatizou.

Queima de gás
Outro equipamento que também é fruto de projeto da área de P&D da Aperam é o queimador dos gases resultantes da produção do carvão vegetal. Segundo diretor de Operações da empresa, Edimar de Melo Cardoso, a estrutura captura a fumaça dos fornos que é levada para a câmara de combustão, para complementar a queima. Assim, o processo não emite carbonetos (CO2) na atmosfera, mas água e gases inertes. “A tradicional fumaça da queima já não existe mais. Quem não conhece, pensa que está tudo parado. Mas não está”, afirmou. Os testes para esse sistema começaram em 2015.

Como apenas a Aperam detém essas duas tecnologias, a empresa já espera o assédio da concorrência, como aconteceu quando a empresa desenvolveu o forno RAC 700. “Na época, comercializamos unidades para outras companhias”, lembrou.

Com sede em Luxemburgo, na União Européia, o Grupo Aperam investe US$ 20 milhões de dólares por ano em P&D. 


 

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