Aumenta violência em Itabira e cidade está dominada pelo medo

Renato Fonseca - Hoje em Dia
17/02/2014 às 07:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:04
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

ITABIRA – Na loja de roupas, o medo de ser assaltada obriga a proprietária a fechar mais cedo, antes das 18h. No boteco, cada passo dos clientes é gravado no moderno sistema de monitoramento. E, dentro de casa, janelas com grade e até cães ferozes para se proteger dos bandidos. Sofrendo com o tráfico de drogas e vivendo em meio a disputas entre diferentes facções criminosas, moradores de Itabira, na região Central de Minas, estão acuados.

O município de 115 mil habitantes lidera, com folga, o ranking dos que mais tiveram aumento dos crimes violentos em Minas. As ocorrências de homicídios, roubos, extorsão e estupros mais que dobraram, passando de 173, em 2012, para 393 em 2013. O dado está no Informativo de Criminalidade Violenta 2013, divulgado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).

Conforme o Hoje em Dia mostrou na edição de domingo (16), no ano passado as cidades mineiras com mais de 100 mil habitantes tiveram 4.163 registros só de homicídios. O número de crimes contra a vida é o maior dos últimos oito anos.

Em Itabira, 26 pessoas foram assassinadas em doze meses. Quase metade das ocorrências tem como protagonistas quem deveria, apenas, brincar ou estudar.

“Até 40% dos crimes envolve a participação de menores de idade. A polícia fica de mãos atadas, pois faltam medidas socioeducativas e, quando o caso é mais grave, não há vagas nos centros de internação do Estado”, revela o delegado-adjunto Juliano Alencar. Entre as regiões mais perigosas da cidade, o policial destaca os bairros São Bento, Betânia e Madre Maria.

Morador de Itabira, Benedito Antonio Duarte, de 58 anos, confirma o envolvimento de adolescentes nos crimes. “Todo mundo sabe que há menores participando. Tudo por causa de droga”, afirma o aposentado.

Novo Centro

Itabira deve ganhar um Centro de Internação para adolescentes, conforme antecipou a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Porém, não há prazo definido. “Há cerca de 20 dias, o secretário da pasta iniciou tratativas com o Poder Judiciário, o Ministério Público e a prefeitura e as negociações estão em andamento. A prefeitura doaria o terreno e parte dos recursos; e o Estado faria a manutenção e a gestão”, informa nota enviada pela Seds.

Sobre o envolvimento de menores no crime, a pasta informou que “este é um fenômeno que tem sido discutido e enfrentado”.Questionado sobre a sensação de insegurança da população, o prefeito de Itabira, Damon Lázaro de Sena (PV), reconhece o problema. Segundo ele, o primeiro ano de mandato, em 2013, foi um período de reestruturação e agora as ações começam a sair do papel. Atualmente, a cidade tem 21 câmeras de monitoramento.

Até o final deste ano serão mais 25, com investimento de R$ 1,5 milhão.

Damon Sena atribui o salto nas ocorrências ao uso e tráfico de drogas. Segundo ele, projetos sociais nas áreas do esporte e cultura serão desenvolvidos. “Estou em contato constante com o Estado e já solicitei reforço no efetivo da Polícia Militar e a construção de um centro de internação para menores. Também iremos erguer 2 mil moradias populares, que possibilitarão uma melhor estrutura para algumas famílias”.

Policiamento

Comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Márcio Martins Sant’Ana diz que a cidade está localizada em uma “região sensível”. “Há mu[/LEAD]ita circulação de riqueza e uma população significativa. A malha rodoviária facilita muito o trânsito. São fatores que convergem para isso”, afirma. Segundo ele, a situação já está sendo analisada.

“Não deixaremos de servir o cidadão, de intensificar a nossa presença junto à sociedade e de ampliar os nossos serviços de inteligência em busca dos infratores, além de manter uma relação solidária e participativa com o Judiciário e Ministério Público”, acrescenta.
 

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