Balanço animador de banco traz tranquilidade para luta contra juros altos

Hoje em Dia
24/04/2013 às 06:21.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:05

O Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro, divulgou na segunda-feira seu balanço trimestral, revelando aumento de 3,4% no lucro líquido, comparado com o primeiro trimestre de 2012. Além de a Taxa Selic menor não ter afetado a lucratividade do banco, que teve lucro líquido de mais de R$ 2,9 bilhões, a baixa dos juros pode ter contribuído para a queda na inadimplência.

Dívidas com pagamentos em atraso acima de 90 dias, no Bradesco, ficaram em 4%, o que representa queda de 0,1 ponto percentual em relação ao trimestre anterior. Mesmo assim, o banco elevou em 6,2% a provisão para devedores duvidosos, para R$ 21,3 bilhões, um valor significativo, considerando-se que sua carteira de empréstimos é de aproximadamente R$ 298 bilhões.

A cautela do Bradesco e da maioria dos bancos brasileiros traz bastante tranquilidade ao país. O problema do mercado financeiro mundial, que se tornou evidente a partir da quebra, em setembro de 2008, do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, foi causado pelo descuido no gerenciamento dos empréstimos feitos a consumidores e a governos.

No Brasil, o endividamento estatal é sem dúvida a principal causa dos juros altos. Conforme o portal Auditoria Cidadã da Dívida, no ano passado o governo federal gastou R$ 753 bilhões com juros e amortização da dívida, ou R$ 45 bilhões mais que em 2011. Nos primeiros 35 dias deste ano, foram gastos R$ 145 bilhões, o dobro do previsto no Orçamento deste ano para gastos com a Educação.

O balanço do Bradesco, que inaugura a temporada de divulgação dos lucros trimestrais dos bancos neste ano, dá tranquilidade ao governo para não esmorecer na luta contra os juros altos. Taxas mais civilizadas contribuem para reduzir o desequilíbrio fiscal e, melhor ainda, acabam com um dos entraves principais ao desenvolvimento econômico do país. Vale lembrar que em 2011, enquanto a taxa real de juros no Brasil ficou em 4,84% ao ano, nos outros países do Bric ela foi negativa, com destaque para a Rússia (menos 3,77%) e para a China (menos 2,03%).

O problema dos juros foi encarado pelo governo no ano passado, reduzindo a taxa real a 2,5%, como escreveu o ex-ministro da Fazenda Bresser Pereira, em seu último artigo. O articulista do Hoje em Dia alerta para outra questão que está a exigir providências: a taxa de câmbio. Sobreapreciada, ela vem desestimulando o investimento e a poupança. E inibindo o desenvolvimento.  

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