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Terça-Feira,30 de Abril

Bancos ampliam exigências para financiar projetos

Bruno Moreno - Hoje em Dia
23/03/2015 às 08:06.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:26

(RICARDO BASTOS/ARQUIVO HOJE EM DIA)

No último dia 28 de fevereiro começou a vigorar a Resolução Nº 4.327/2014 do Banco Central que pode mudar a forma como os bancos concedem crédito no Brasil: a obrigação de que as grandes instituições financeiras do país incorporem políticas socioambientais.

Nesta primeira fase já participam os bancos Bradesco, BTG Pactual, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco HSBC, Itaú Unibanco, Safra, Santander e Banco Votorantim, e suas Políticas de Responsabilidade Socioambiental (PRSA) estão disponíveis em seus sites. Eles foram os primeiros porque têm ativos superiores a R$ 100 bilhões. As outras instituições deverão publicar as PRSAs até 31 de julho.

Para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a resolução é importante por unir questões ambientais ao risco dos negócios. “Antes mesmo de a regulação ser publicada, os grandes bancos já utilizavam processos de avaliação de impactos socioambientais de forma voluntária. Mas podemos dizer que a Resolução 4.327 do Banco Central do Brasil é pioneira, o que comprova a liderança mundial do setor financeiro brasileiro no tema”, afirmou Mário Sergio Vasconcelos, diretor de relações institucionais da Febraban.

Os grandes bancos brasileiros já adotam práticas sustentáveis pelo menos desde o início dos anos 2000. De acordo com a superintendente executiva de Desenvolvimento Sustentável do Santander, Linda Murasawa, desde 2001 o banco já trabalha com o tema, mas agora o mercado irá se padronizar.

“A política de responsabilidade socioambiental foi importante para nós porque traz uma sistematização para o setor financeiro. Alguns bancos faziam e outro não. E isso causava desequilíbrio”, ressalta.

Outro ponto que ela destaca é que, a partir do momento que a resolução do BC começou a valer, havia procedimentos que eram boas práticas, mas que agora se tornaram parte do cotidiano da empresa. “O que essa política traz de positivo é que, como todos estão nivelados no sistema financeiro, o cliente que não leva em consideração boas práticas, fica num beco sem saída”, avalia.

Mas, ao mesmo tempo, ela ressalta que os credores que não respeitam as normas ambientais não serão abandonados, mas estimulados a regularizar a situação.

Com boas práticas, custo do crédito pode ser reduzido

Com a política de responsabilidade socioambiental dos bancos no Brasil, os riscos do negócio passam a ser considerados mais seriamente quando é feito o consentimento de crédito, mas isso poderá ser benéfico para todos.

Para o gerente nacional de sustentabilidade da Caixa, Jean Rodrigues Benevides, “o banco se torna responsável porque ele financia o projeto. Tem que tomar cuidado porque o retorno pode ser risco de crédito. Quem está financiando tem o possível dano socioambiental. São os bancos que financiam sistemas de produção e de consumo. Quando financiam práticas mais sustentáveis, é uma relação de ganha-ganha”, acredita. Ele ressalta que a política do banco não pretende punir, mas sim engajar a clientela no modelo.

Já o gerente geral da Unidade de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Rodrigo Santos Nogueira, ressaltou que o custo do crédito tende a ser menor para os clientes que tiverem boas práticas ambientais.

De acordo com Rodrigo, o Banco do Brasil está listado no índice Dow Jones de sustentabilidade há três anos. “Nossa meta é ser o melhor banco do mundo em sustentabilidade. São 25 bancos no mundo dentro do Dow Jones. Ao percebermos que há uma conscientização maior, você passa a acreditar no retorno do capital, gera um circulo virtuoso”, acredita.
 

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