Belo-horizontino gasta, em média, 1/4 do salário por mês com almoço

Paulo Henrique Lobato
23/08/2019 às 19:34.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:08
 (Maurício Vieira )

(Maurício Vieira )

O valor médio da alimentação mensal fora do domicílio em Belo Horizonte corresponde a quase um quarto do rendimento médio trabalhador da capital. Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Benefício ao Trabalhador (ABBT) mostra que o assalariado gasta, em média, R$ 31,10 no almoço. Levando-se em conta que um mês tem, tradicionalmente, 22 dias úteis, a soma é de R$ 684, cifra que representa 23,5% do salário médio na cidade, de R$ 2.907, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para chegar ao valor de R$ 31,10, a ABBT levou em conta o preço do prato principal, uma bebida não alcoólica, uma sobremesa e o tradicional cafezinho em quatro grupos de restaurantes ou similares. O primeiro é formado por aqueles que servem pratos comerciais (o conhecido PF). Os demais são os que oferecem o autosserviço (self-service por quilo ou bufê), os que trabalham com pratos executivo e os do ramo de à la carte (ambiente mais sofisticado, onde o consumidor escolhe no menu a comida que será preparada na hora).

“Sempre que dá tempo eu levo marmita para o trabalho. Até self-service está muito caro. O meu almoço no restaurante nunca sai por menos de R$ 2o”, lamenta a auxiliar-administrativo Larissa Gomes. Mas é possível comer bem pagando menos em BH, como faz José Osvaldo Araújo, de 57 anos, funcionário de uma empresa de eventos. “Há restaurantes baratos que servem cardápios deliciosos. É preciso pesquisar e não ter frescura”. Ainda assim, Araújo gasta R$ 500 mensais, em média, apenas com as refeições fora de casa.

O desembolso poderia ser até maior se os empresários do setor tivessem repassado todos os aumentos de custos para o consumidor. 
“O país vem atravessando uma fase de econômica ruim, o emprego e a renda ainda não se fortaleceram e isso afeta diretamente o desempenho dos estabelecimentos. Mais do que os demais segmentos, restaurantes são sensíveis a qualquer oscilação. Nossa percepção é a de que na maior parte do país os estabelecimentos optaram por elevar menos ou até mesmo por manter os preços do cardápio para reter os clientes”, avalia a diretora-executiva da ABBT, Jéssica Srour.

Década

Um outro estudo sobre alimentação fora do lar foi elaborado pela Ticket. Com base em dados do Sudeste da ABBT, a companhia constatou que o preço médio do almoço subiu 87% entre 2009 e 2018, passando de R$ 19,10 para R$ 35,72. O percentual ficou bem acima da inflação oficial do país no período, de 76%. Neste caso, levando-se em consideração o período de 10 anos, não há dados disponíveis para BH.

O diretor-geral da Ticket, Felipe Gomes, avalia que “o estudo é fundamental para que as empresas possam avaliar os indicadores próprios relacionados ao benefício da alimentação”. Na mesma linha, a diretora-executiva da ABBT considerou que a pesquisa é “um termômetro importante para auxiliar as empresas a ponderar sobre o valor do auxílio concedido ao trabalhador”.

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