
Os adolescentes de Belo Horizonte na passagem dos anos 70 para os 80 viveram uma época de ouro do rock na cidade. Muito amadorismo, muita improvisação, mas também muita paixão em fazer e ouvir rock'n'roll.
Só para cutucar a saudade daqueles que hoje estão na faixa dos 50 anos, tínhamos na cidade o delicioso Mister Beef, um restaurante maluco que servia um enorme T-born, com dois dedos de altura, acompanhado de muito rock e country music.
Pelo palco do Mister Beef passaram bandas das quais só se lembram aqueles que frequentavam a casa, como Renato Társia (country), Eduardo, Alexandre e Banda (cover de Simon & Garfunkel, America e Chicago) e o Bauxita. Outras que fizeram muito sucesso na cidade, como Sgt. Peppers (Beatles) e It's Only Rolling Stones. E ainda as que alçaram voo nacional, como Tianastácia, Skank e Jota Quest.
Pré-Skank
Na verdade, ao contrário da lenda, o Skank não surgiu lá, mas sim uma banda do Samuel Rosa de vida curta, chamada One in Ten. "Pedi para o Samuel que formasse uma banda com pegada de reggae e ele seguiu nesse caminho com o Skank", lembra Benjamin Nunes, dono do Mister Beef.
Poucos anos antes, no final dos 70, a turba roqueira de BH se encontrava na Cogumelo Discos e Fitas, uma portinha na Avenida Augusto de Lima que só vendia rock. Ou no quarteirão da Tupis, entre Rio de Janeiro e São Paulo, numa confusão de parar, literalmente, o trânsito, que acabou ganhando o nome de Turma da Stromboli (nome da confeitaria que era o ponto de encontro).
Bares dançantes
Entrando nos anos 80, em plena efervescência do pós-punk, surgiram os bares dançantes que atraíam os moderninhos da cidade, como o Complexo B, o Drosophyla e, pouco mais tarde, os muitos endereços do mutante Paco Pigalli.
Já no início dos 90, começou a reinar o alternativo bar A Obra, até hoje o palco mais autêntico de Belo Horizonte.
A partir de então, o rock se institucionalizou como negócio, pipocando uma série de casas e bares especializados. Tudo ficou mais dinâmico, mas também menos romântico.