Bolos, doces e o tradicional pão de queijo não faltam na mesa do mineiro

Giulia Mendes
05/07/2015 às 10:04.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:46
 (Acervo Eduardo Avelar)

(Acervo Eduardo Avelar)

A palavra quitanda, de origem africana, significa tabuleiro em que os vendedores ambulantes expunham seus produtos. Em algumas cidades brasileiras, é usada também para definir pequenos estabelecimentos onde se vende ovos, frutas, verduras e outros produtos encontrados também em feiras e mercados livres. Mas, no dicionário mineiro, quitanda só tem um sentido: são delícias que acompanham o café da manhã, da tarde e da noite preparadas no bom e velho forno à lenha de fazendas e casas no interior.

Em Minas, o sentido gastronômico de quitanda extrapolou sua designação histórica e se transformou em sinônimo de hospitalidade. Os famosos quitutes, que alimentam a tradição da culinária mineira, são verdadeiros garimpos históricos. E esses antigos costumes estão cada vez mais presentes na gastronomia atual. Prova disso é que é possível encontrar quitandas como pão de queijo, rosca, biscoito de polvilho, pães e bolos caseiros com o mesmo sabor da roça em lojinhas da capital, espaços aconchegantes como “casa de vó”, que têm a cara e o tempero do interior de Minas.

Proprietários e chefs de casas em Belo Horizonte fazem questão de resgatar, respeitar e preservar a essência dessas receitas. Vânia Miranda e Wilmar Saraiva foram os primeiros a trazer para Belo Horizonte uma autêntica quitanda. “Fui criada em fazenda, trago comigo a tradição da mesa farta, cheia de guloseimas. Então, tivemos a ideia de oferecer aos clientes o que sirvo para minha família. Hoje, quase ninguém tem tempo de fazer em casa o que nossas mães e avós faziam nas fazendas”, destaca Vânia, proprietária da Saraiva Quitandas & Quitutes, que funciona há três anos na Savassi.

Para Maria Clara Magalhães e Maria Bethânia Magalhães, quitanda representa um negócio lucrativo, mas também faz relembrar a origem e as raízes da família. Mãe e filha são proprietárias da Bolo Nosso, loja aberta há pouco mais de um ano no bairro Carmo. “Minha mãe aprendeu a cozinhar muito nova com a mãe dela e suas nove irmãs. Em especial, ela sempre teve a mão muito boa para bolos. Somos de Governador Valadares, ela fazia bolos sob encomenda lá e quando mudamos para BH decidimos que seria um bom negócio abrir uma loja de bolos caseiros aqui”, contou Maria Clara.

Bolo Nosso
Rua Montes Claros, 199, Carmo. (31) 3586-0086 - Saraiva Rua Paraíba, 1378, Savassi. (31) 3225-8500


Dos tachos para o mundo
Há quem diga que os doces mineiros são os melhores do mundo. Afinal, quem não conhece as tradicionais compotas de frutas? Sobremesas feitas com produtos retirados dos quintais de quitandeiras de mão cheia, preparados em tachos de cobre e no forno a lenha.

A fama dos doces é tamanha que doceiras de todas as regiões do Estado já trabalham com pedidos de diversos lugares do país. É o caso da Joana D’Arc de Almeida, mais conhecida como dona Joaninha, de Araxá, pioneira nos doces em compotas. Além dos doces com frutas como laranja da terra, figo, jabuticaba e mamão, a marca faz sucesso também com os cristalizados, os doces de leite e a ambrosia – um deleite à parte.

Vânia Miranda, da Saraiva, traz de Ponte Nova, sua cidade natal, a goiabada que, para ela, “é a melhor goiabada de Minas”. Maria Clara Magalhães também utiliza o produto para preparar o delicioso bolo de fubá com goiabada, carro-chefe da Bolo Nosso. “Dou prioridade para os produtos de Minas. O fubá, por exemplo, vem de um produtor de Formiga e é feito em moinho de pedra”.

Saiba mais
- Em breve, o ofício das quitandeiras pode virar patrimônio imaterial. Há dois anos, a prefeitura de Congonhas, onde acontece todo ano o Festival da Quitanda, entrou com pedido no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para tombar o processo de produção de quitandas.

- A produção artesanal da goiabada de São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais, é feita da mesma forma desde o século 18 e permanece “intacta” graças ao selo que o doce ganhou de patrimônio imaterial. A goiabada cascão é preparada no fogão à lenha, com tachos de cobre e remo de madeira para misturar.

 

Receita
Bolo de laranja da nosso bolo

Ingredientes
- 3 ovos
- Casca de ½ laranja
- 1 xícara de chá de suco de laranja
- ½ xícara de chá de óleo
- 1 xícara e ½ de chá de açúcar
- 2 xícaras de chá de farinha de trigo
- ½ colher de sopa de fermento em pó

Preparo

Pré-aqueça o forno a 180 graus. Bata no liquidificador os ovos, o suco da laranja, a casca, o óleo e o açúcar. Despeje numa vasilha e adicione a farinha de trigo. Use uma batedeira para misturar a massa ou misture bem com as mãos. Quando a massa estiver homogênea, acrescente o fermento em pó e mexa delicadamente. Depois, despeje a massa numa forma untada e enfarinhada e leve ao forno por 60 minutos.

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