
TERESÓPOLIS – A disputa por uma vaga na final da Copa do Mundo colocará frente a frente, no Mineirão, dois estilos de jogo totalmente distintos. De um lado, a previsível Seleção Brasileira, até agora sem variações táticas e com ataque pouco eficiente. De outro, o “carrossel” alemão, que faz da multiplicidade de funções dos atletas uma arma quase sempre mortal.
E é justamente nessas diferenças que mora o temor da torcida brasileira. Felipão é um treinador que mantém as convicções acima de tudo. Durante todo o Mundial apostou no entrosamento conquistado durante a Copa das Confederações de 2013 e pouco mudou taticamente a equipe.
Para ele, o time tinha uma estrutura já consolidada, na qual um trabalho voluntarioso da defesa daria segurança para que Neymar, o diferencial, tivesse liberdade para desfilar todo seu talento para concluir a gol ou servir o isolado e imóvel centroavante Fred lá no ataque. Agora, sem o craque, fora da Copa por conta da lesão na coluna, ruiu a pragmática estrutura de Scolari.
Mudança forçada
Sem Neymar, Felipão terá apenas dois dias para mudar a equipe para o confronto contra os germânicos. A maior aposta é que Willian ocupe a vaga do camisa 10, por ter características semelhantes ao craque contundido. Bernard e Ramires correm por fora. A única certeza é que, pela primeira vez, Scolari terá de abrir mão das convicções. Ele não pode mais valorizar a individualidade. Se quiser manter o sonho do hexa, terá de apostar no equilíbrio dos jogadores.
O que Felipão não abriu mão até agora foi de ter em campo um centroavante de ofício, paradão no ataque, como fazem Fred e o reserva imediato Jô, que tem um pouco mais de mobilidade e faz bem o pivô, característica que mostrou no Atlético e que o levou para a Seleção.
Jogadores não guardam posição no time de Löw
Se no Brasil a busca pelo conjunto se tornou necessária, na Alemanha essa proposta já era realidade há muito tempo. Um dos méritos do esquema germânico é a multiplicidade de funções. Teoricamente, os comandados de Joachim Löw atuam numa linha de quatro atrás, cinco na zona central e um atacante à frente. Na prática, porém, o esquema fica longe da rigidez tática da equipe brasileira.
No meio-campo, todos os cinco atletas que devem começar atuando contra o Brasil exercem três ou quatro funções. Khedira e Schweinsteiger são os melhores exemplos dessa versatilidade. Primeiro e segundo volantes de origem, respectivamente, eles trocam frequentemente de posição entre si. Quando necessário, contam com o auxílio de Kroos e Özil, que costumam cair pelas pontas, mas também se preocupam em frechar pelo meio.
Nesse esquema voluntarioso, Müller se tornou jogador-chave por desempenhar duas funções essenciais na parte ofensiva: a de meia-atacante, quando Klose ou Podolski são colocados como centroavantes, e a de “falso 9”.
Mas Müller vem se destacando é como “falso 9”, função que desempenhou nos três jogos em que a Alemanha anotou dois ou mais gols. Se colocando à frente, ele tem o dever de fazer manobras para atrair e dispersar a marcação adversária, abrindo espaços para quem chega de trás. Nessa variável, ele muda de posição frequentemente com Götze.