Brasileiro na OMC já tem desafio para evitar fiasco histórico

Hoje em Dia
09/05/2013 às 06:13.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:31

O engenheiro baiano Roberto Azevêdo, de 55 anos, 29 dos quais na carreira diplomática, terá que empenhar todo o seu poder de negociação para que o mandato de quatro anos como diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) não se transforme num fiasco histórico para a diplomacia brasileira.

O governo Dilma Rousseff e o Itamaraty se empenharam por sua vitória desde janeiro, quando ele apresentou sua candidatura na OMC, até a última terça-feira, quando Azevêdo foi eleito com uma boa diferença sobre o mexicano Herminio Blanco, candidato dos Estados Unidos e da União Europeia.

O receio é que a OMC venha a se tornar um organismo irrelevante, caso as potências contrárias à eleição do brasileiro consigam fechar um inovador acordo comercial bilateral. Recentemente, Herminio Blanco disse que “as inovações nas regras para eliminar obstáculos ao comércio entre Estados Unidos e Europa estão bem avançadas e superarão, com folga, as regras que foram estabelecidas pela OMC 20 anos atrás”.
A OMC surgiu em 1995, depois da Rodada Uruguai, em substituição ao Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), organismo criado pelos vitoriosos na II Guerra Mundial. Essa rodada de negociações teve grande sucesso na liberalização do comércio mundial, defendida pelo neoliberalismo resultante do chamado Consenso de Washington.

O grande desafio de Azevêdo é destravar a Rodada Doha, um ciclo de negociações iniciado em 2001 para complementar a Rodada Uruguai e que parou com o advento da crise financeira de 2008. Essa rodada travou devido ao impasse causado pela intransigência dos Estados Unidos e da União Europeia, que se recusam a abrir mão de subsídios a seus produtores rurais e se negam a levantar as barreiras ao livre acesso ao mercado interno de alimentos produzidos, por exemplo, pelos brasileiros. Por ironia, países ricos que apoiaram Blanco tentaram lançar sobre o Brasil a pecha de país protecionista.

Azevêdo, que toma posse no dia 1º de setembro, deve convencer os países ricos – pela primeira vez, eles perdem esse cargo na OMC – de que vai cuidar dos interesses de todos os 159 países membros, sem privilegiar os dos países do Bric, que deram apoio unânime à sua candidatura, e os dos países africanos, latino-americanos e caribenhos que, em sua maioria, votaram nele. Ontem, o embaixador norte-americano Michael Punke afirmou ser este “um dia muito bom para a OMC como instituição”. Que assim seja.  

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