Caixa escala seguranças para conter invasões do Minha Casa na Bahia

Mário Bittencourt - Folhapress
15/01/2014 às 15:42.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:22

VITÓRIA DA CONQUISTA - A Caixa Econômica Federal escalou seguranças privados para tentar conter uma onda de invasões e depredações em imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida em Vitória da Conquista (BA).    Três dos quatro condomínios do programa, entregues pela presidente Dilma Rousseff em outubro, passaram a ser alvo de invasões no final do ano passado.    O programa, que já entregou mais de 1,4 milhão de unidades no país, é um dos principais trunfos eleitorais do PT na disputa para continuar no comando do Planalto.    Na cidade baiana, os invasores, em sua maioria, são pessoas que dizem estar cadastradas no programa e que não foram beneficiadas com as novas unidades.    Eles dizem ainda que pelo menos 250 das 1.750 unidades estão vazias. Ao menos 50 das casas estavam invadidas no começo deste mês, segundo a Caixa.    As disputas por uma casa na cidade motivaram, no último dia 30, a morte de um homem de 24 anos. O suposto dono do imóvel que ele ocupava o matou a tiros.    Embora Dilma tenha anunciado à época que estava entregando todas as 1.750 unidades, a Caixa informou à Folha de S.Paulo que realmente há imóveis vazios e que um sorteio será realizado pelo banco até o próximo dia 30. Ainão revelou quantas casas estão vazias nos três condomínios que registraram invasões, mas disse que num deles, o Ipê, há 50 imóveis não ocupadas pelos donos.    Os 24 seguranças que atuam nos condomínios serão mantidos, segundo a Caixa, "até que o risco de invasão seja mitigado e a entrega das unidades seja finalizada [no final do mês]".    O banco federal deu prazo até hoje para que os invasores deixem as casas ocupadas.    Moradores consultados pela reportagem dizem que ao menos 30 imóveis continuam invadidos. Os ocupantes, contudo, evitam permanecer 24 horas por dia nas casas para evitar encontrar funcionários da Caixa, que têm visitado os imóveis com seguranças pedindo a desocupação.    Grávida de três meses e solteira, Ana Paula Alves Freire, de 23 anos, disse que manteria a invasão até sua situação ser resolvida. "Estou cadastrada há quatro anos no programa e descobri agora que não recebi uma casa ainda porque digitaram errado meu CPF", afirmou.    Depredação    A situação motivou depredações nos condomínios recém-entregues. O imóvel que era ocupado pelo homem morto, por exemplo, teve vidros e portas arrancados segundo moradores, amigos do rapaz praticaram o quebra-quebra.    Em outras casas há portas arrombadas, vidros de janelas quebrados, casas sem pias e vasos sanitários.    Diante da ausência de comércio e serviços na região dos condomínios, na periferia da cidade baiana, moradores transformaram parte das casas em bares, mercados e salões.    "Não adianta dar casa sem ter nem onde comprar um remédio", disse Patrícia Silva, de 27 anos, que abriu um pequeno mercado em sua casa.    Sobre os imóveis danificados, a Caixa informou que está levantando custos de recuperação e que a responsabilidade pelo pagamento será definida após esse trabalho.    O banco disse ainda que desde que seja mantido o uso como moradia, não há impedimento no emprego das unidades para comércio.    A reportagem também questionou a Caixa sobre segurança privada em outras unidades do Minha Casa pelo país, mas não havia obtido resposta até a publicação desta reportagem.

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