Campanhas eleitorais do PSDB em Minas Gerais teriam movimentado mais de R$ 10 milhões em caixa dois de 2009 a 2014. O valor é referente a todas as citações de recursos feitos em cinco inquéritos abertos pelo ministro Edson Fachin para investigar os mineiros ligados ao PSDB na “Lava Jato”. 

O montante de recursos pode ser maior, tendo em vista que, em um dos inquéritos, delatores da Odebrecht relatam o pagamento de parcelas de propina ao senador Aécio Neves que variavam entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões.Todos os repasses para campanhas, conforme os delatores da empreiteira, foram negociados por Aécio e envolveram o também senador Antonio Anastasia, além do ex-presidente da Codemig, Oswaldo Borges da Costa Filho, o marqueteiro Paulo Vasconcelos e o deputado federal Dimas Fabiano. 

Conforme pedido de investigação feito pelo Ministério Público, Henrique Valladares, então responsável pela Odebrecht Energia, disse que fez repasses entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões a Aécio, identificado como “Mineirinho”, para que ele ajudasse no leilão da obra, que tinha como sócias Furnas e Cemig. 
Em três outros inquéritos, os delatores narram pedidos de recursos para financiar, sem declarar, campanhas eleitorais. Aécio teria pedido R$ 7,2 milhões para bancar a campanha de Anastasia ao governo de Minas em 2009.

A construção da Cidade Administrativa também teria sido negociada com a Odebrecht em troca de vantagem ilícita. O despacho de Fachin não detalha o montante que teria sido pago. 

A assessoria de Aécio informou que ele “solicitou apoio, como dirigente partidário, para inúmeras candidaturas. Sempre em conformidade com a lei”. Ele ainda nega irregularidades na Cidade Administrativa e diz que a obra do Rio Madeira era de responsabilidade federal. A assessoria de Anastasia informou que ele “nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém”. Os demais citados não foram encontrados.