Caos resiste à redução de bloqueios

Lucas Simões
lsimoes@hojeemdia.com.br
29/05/2018 às 23:03.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:20
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Mesmo com a redução de pontos de bloqueio em estradas interditadas em Minas Gerais ontem, caindo de 59 para 21, a greve dos caminhoneiros segue impactando a oferta de serviços básicos à população e causando prejuízos. Até ontem, segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismos (CNC), a perda em Minas com os bloqueios nas rodovias somava R$ 418,4 milhões — sendo R$ 212,1 milhões referente a combustíveis e lubrificantes e outros R$ 201,64 milhões de prejuízos de supermercados e produtores hortifrutigranjeiros.

No Ceasa de Contagem, que tem operado sem a presença de 90% dos produtores, apenas dez deles foram trabalhar ontem, limitados basicamente à venda de cebola e alho. Diante da situação crítica, o presidente da Associação Comercial da Ceasa-MG (ACCeasa), Emílio Brandi, pediu ao governador Fernando Pimentel (PT) escolta policial para garantir que os produtos voltem a ser distribuídos. Por dia, cerca de 1,2 mil caminhões estão sendo impedidos de chegar ao Ceasa de Contagem.

“Nesses últimos dias é que está tudo parado, a maioria das lojas nem abriu. Não chega nenhum caminhão quase. A única coisa que ainda encontra no Ceasa é cebola e alho, o resto, não tem. Já perdi quatro cargas de batata, agora tenho um prejuízo entre R$ 1.200 e 1.600 para dar conta”, disse o produtor Ezequiel Roberto de Alcântara, que está sem trabalhar há quatro dias.

Nos supermercados, a situação também se agravou. Segundo a Associação Mineira de Supermercados (Amis), além da falta de produtos perecíveis, como verduras, legumes e frutas, a greve começou a afetar itens não perecíveis, resultando em escassez de massas, pães e enlatados. Por isso, diversas empresas no Estado têm adotado regras restritivas em relação à quantidade de itens à venda por consumidor. 
Além disso, o gás também está entre os produtos mais críticos de abastecimento no Estado. Segundo Alexandre Borjali, presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás (Asmirg), em Minas Gerais 100% das distribuidoras não possuem mais estoques. “Nós temos mais ou menos 300 mil botijões em todas as distribuidoras, o que daria para dois dias de venda, já que vendemos 150 mil por dia. Se o cenário não mudar, teremos gás até esta quinta-feira apenas”, disse Borjali.

Diante desse cenário, o Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas do Estado de Minas Gerais (Sinderc-MG) alertou, ontem, sobre a possibilidade de faltar comida em presídios e hospitais do Estado, cobrando providências do governo para garantir o transporte de alimentos básicos.

Transporte 
Apesar de os ônibus terem voltado a circular em regime normal, segundo a prefeitura, a BHTrans precisou deslocar dezenas de veículos para atender à demanda das estações São Gabriel e Vilarinho, devido à greve das metroviários, iniciada às 9h30 de ontem, o que gerou atrasos na oferta de coletivos em diversos bairros. 

“Fiquei uma hora e meia esperando ônibus na estação Vilarinho, achei que estaria tudo normal, mas acabou que a greve do metrô impactou nos ônibus. Perdi a manhã de trabalho”, disse a diarista Milene Silveira da Cruz, de 32 anos.

Nos aeroportos, não houve cancelamentos de voos ontem. A BH Airport, administradora do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, informou que reabasteceu o estoque de querosene e os 15 cancelamentos de voos previstos foram realocados, sem prejuízos aos passageiros.

Como o ponto facultativo no Estado foi estendido até sexta-feira, as escolas permanecem sem aulas. Mesma situação ocorre em vários municípios.

 

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