Belo Horizonte é a primeira cidade da América Latina a receber um projeto de carro elétrico compartilhada, movido a energia solar, em um condomínio fechado. A largada desta iniciativa pioneira foi dada no final de janeiro e o período de testes deve durar cerca de três meses.

O projeto é fruto de uma parceria entre MRV Engenharia e a Renault e está em fase de implementação no “Spazio Pathernon”, na regional Pampulha. Usuários devem avaliar os resultados da ação, que será estendida a outras localidades em breve.

De acordo com o coordenador de Inovação da MRV, Felipe Cardoso dos Reis, a iniciativa foi viabilizada pela infraestrutura do edifício, que conta com um sistema fotovoltaico capaz de alimentar as áreas comuns do prédio e ainda gerar um excedente. 

“Como a carga de um carro elétrico é baixíssima, similar ao dispêndio de um chuveiro, não houve intervenção no empreendimento”, afirma o executivo.
Segundo ele, o espaço é o “cenário perfeito” para esse modelo de negócios. “Nossa situação é muito favorável: a tecnologia de geração de energia, o Parthenon já tinha desde o lançamento, somada à facilidade que temos de tratar assuntos do tipo com a distribuidora local, a Cemig, bem como o público determinado, de moradores, que dá alguma garantia com relação ao consumo do serviço”, conta.

Felipe Reis relata ainda que, há algum tempo, a parceira Renault atua com esquemas de compartilhamento de veículos elétricos, porém em moldes diferentes.

Um exemplo de destaque é o de Paris. Contudo, o sistema francês é público, estando aberto à população em geral. Casos semelhantes foram implementados na Suíça, na Alemanha, na Finlândia e na Inglaterra, tal como no Oeste dos Estados Unidos, mais especificamente na Califórnia.

“Até mesmo em São Paulo existiu uma experiência de alguns carros em uma região limitada. Mas não foi bem-sucedida, por ser aberta à população e pelos valores extremamente altos”, conta Felipe Reis. 

Segundo o coordenador de Inovação da MRV, a tecnologia de automóveis elétricos ainda tem custos elevados, fazendo com que cada carro tenha um valor aproximado de R$ 147 mil . 

“Nossa clientela é de baixo padrão, proveniente das classes C e D. Assim, estamos disponibilizando o recurso para um nicho que, teoricamente, não teria condições de uso se não fosse de forma compartilhada”, explica. 

Ele enfatiza que o objetivo final é também de democratizar o acesso ao recurso. “A própria Renault não acredita que as pessoas comprariam esse produto individualmente para deixá-lo parado durante a maior parte do tempo, na garagem de casa ou do trabalho”, diz. 

“Como um dos pilares da empresa automotiva é a sustentabilidade, e a MRV também possui esse viés voltado para o fornecimento de energia, começamos a desenvolver esse projeto em conjunto em março do ano passado”, completa. 

O coordenador de inovação da construtora revela que entre os planos da empresa, até 2022, está a entrega de todos os condomínios com uma usina fotovoltaica semelhante à do “Pathernon”. 

Os moradores do condomínio deverão agendar a utilização do veículo por meio de um aplicativo específico, desenvolvido pela Renault, que a marca também testa pela primeira vez com o público do Brasil, onde atua desde 1998. 

Após o período de experiência na capital mineira, o projeto deve ser levado para São Paulo. Durante o período de avaliação, serão identificados o perfil dos usuários, idade, horários de uso, tempo médio de reserva e nível de satisfação.

“Consideramos que o projeto será um meio complementar àqueles já disponíveis nos grandes centros, sendo uma excelente oportunidade para avaliar a experiência de um nicho específico de consumidores que terão a oportunidade de compartilhar um veículo de características modernas”, disse o copresidente da MRV, Rafael Menin. Hoje, a empresa mineira lança mais de 250 empreendimentos anualmente, estando presente em 22 estados brasileiros, além do Distrito Federal e em mais de150 cidades do país.

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