Construção civil de Minas encontra dificuldades para contratar encarregados e mestres de obras

João Sampaio
jsampaio@hojeemdia.com.br
13/10/2021 às 21:02.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:03

 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

A indústria da construção civil em Minas Gerais tem passado por grandes dificuldades para encontrar profissionais para as vagas mais qualificadas em um canteiro de obras, assim como vem ocorrendo em todo o país. A afirmação é do presidente do Sinduscon-MG (Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais), Renato Michel, em referência a um estudo realizado em setembro pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), no qual 77% das empresas do setor relatam o cenário de dificuldades em contratar trabalhadores. Para 59% dos empresários entrevistados, o problema maior está justamente na ausência de qualificação, caso, por exemplo, de mestres de obras, encarregados e oficiais, que são funções semelhantes à gerência. “O que a pesquisa aponta para o Brasil se aplica em Minas”, diz Michel. Ele completa: “O setor está contratando, e muito, mas nesse momento de retomada econômica temos tido maior dificuldade para preencher as vagas que exigem maior qualificação”.

Os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) atentam a movimentação favorável à construção civil. Conforme o último levantamento divulgado, com dados de janeiro a agosto, a construção civil foi o setor que mais empregou no período, respondendo por 270 mil vagas com carteira abertas em todo o país. Em Minas, foram 40 mil e, em Belo Horizonte, 12 mil, relata Renato Michel.

Mercado

Segundo a pesquisa da Cbic, mestre de obras e carpinteiro são os profissionais mais difíceis de se contratar no país. Mais de 65% das empresas listaram a contratação de mestre de obras como “muito difícil”, enquanto carpinteiro chegou a 55% das citações. Pedreiro, com 46%, e encarregado, com 48%, também figuraram entre os mais difíceis de contratação. Isso ocorre, de acordo com Michel, porque as funções que exigem conhecimentos mais específicos possuem grande empregabilidade, sobretudo em um momento como agora, em que a construção civil está na ponta dos setores mais aquecidos. “Profissionais que dominam a operação de máquinas ou etapas de finalização e acabamento têm mercado garantido, não ficam desempregados”, diz. São ainda funções cujo aprendizado é adquirido, na maioria das vezes, no próprio canteiro de obras, literalmente com a mão na massa. “A empresa tem todo o interesse em reter esse profissional, há investimento, formação, então é um profissional mais difícil de encontrar”, completa Michel.

Para mitigar essa carência, o setor investe em parcerias com as escolas profissionalizantes, caso do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). “São essas parcerias que nos permitem enfrentar o enorme déficit histórico que o país tem em relação à qualificação e capacitação profissional”, afirma Michel.

 Estágios e trainees

A alta procura por profissionais com maior qualificação nos canteiros de obras se reflete na vida universitária. Conforme informa Alisson Veloso Cunha, coordenador do Núcleo de Carreiras das Faculdades Kennedy e Promove, em Belo Horizonte, a procura por estagiários de Engenharia Civil já é tão grande que chega a superar o número de alunos. “A demanda está muito grande; são muitas vagas em aberto”, atesta.

Ele conta que tem sido assim desde o segundo semestre do ano passado. “A empregabilidade nessa área não foi afetada pela pandemia, pelo contrário, está em plena efervescência”, diz.

Conforme Alisson, o mesmo cenário positivo do estágio se repete em relação ao trainee, que são os estudantes dos últimos períodos. “As empresas se interessam em admitir, moldar e reter um bom aluno, um bom profissional”, explica.

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