Cristãos e muçulmanos são irmãos", afirma o papa em mesquita de Bangui

AFP
30/11/2015 às 07:25.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:08
 (Gianluigi Guercia)

(Gianluigi Guercia)

O papa Francisco afirmou nesta segunda-feira que cristãos e muçulmanos são "irmãos" e fez um apelo para que rejeitem o ódio e a violência, durante uma visita à mesquita de um bairro muçulmano de Bangui, capital da República Centro-Africana.

"Cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs", disse. "Os que clamam que acreditam em Deus também devem ser homens e mulheres de paz".

A  visita à mesquita de um bairro muçulmano de Bangui foi de grande valor simbólico. O local foi cenário de atrocidades em 2013 em um conflito com tom religioso.

O pontífice se reuniu com os líderes muçulmanos do bairro PK 5, em uma área que foi cenário de violência sectária. A visita acontece sob fortes medidas de segurança, com o apoio da força da ONU no país (Minusca). Os "capacetes azuis", ONU (10.900 homens em todo o país), o contingente militar francês (900) e a polícia centro-africana devem patrulhar Bangui até o fim da visita papal.

Nas imediações da mesquita aconteceram confrontos armados entre os Seleka, milicianos principalmente muçulmanos, e os milicianos cristãos e animistas, conhecidos como "anti-balaka".

Mauro Garofalo, da comunidade católica de Sant'Egidio, afirmou que a comunidade muçulmana esperava o papa com fervor e esperança.

Depois da visita à mesquita, o pontífice seguiu para o complexo esportivo que leva o nome de Barthelemy Boganda, um sacerdote católico indígena, "pai da pátria", morto em 1960, pouco depois da proclamação da independência.

No estádio, com capacidade para 30 mil pessoas, celebrará a última missa de sua viagem ao continente africano.

A etapa de um dia e meio em Bangui já pode ser considerada um sucesso, apesar das críticas dos céticos. O papa, enérgico ante a espiral de vingança, foi recebido com fervor, apesar do ódio que persiste entre a população.

No domingo, não citou a palavra muçulmano, consciente de que este conflito tem raízes políticas.

Francisco defendeu a unidade e pediu que as pessoas não cedam "à tentação do medo do outro, do desconhecido, do que não é parte de nosso grupo étnico, nossas opiniões políticas ou nossa confissão religiosa".

Um Ano Santo, o "Jubileu da Misericórdia", sobre o perdão, começará em 8 de dezembro, mas foi inaugurado no domingo com a abertura de uma "porta sagrada" na catedral de Bangui.

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