Custos de insumos da construção civil sobem e imóveis 'populares' podem encarecer 15%

Marciano Menezes
mmenezes@hojeemdia.com.br
18/03/2021 às 20:26.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:27
 (Fernando Michel)

(Fernando Michel)

A alta de custo dos insumos para a construção civil atingiu o maior patamar em 27 anos, desde o início do Plano Real, o pode elevar o valor dos imóveis e reduzir o lançamento de novas unidades pelas construtoras. Segundo dados do Sindicado da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro deste ano, os preços dos materiais de construção subiram 26,34% e, de forma desagregada, alguns produtos registraram aumentos superiores a 90%. A entidade já prevê alta de 15% em unidades de padrão econômico que devem ser lançadas neste ano.Fernando Michel

“Estamos reinventando o plano de pagamento”, diz Bárbara Guimarães, gerente de construtora

O setor vem sofrendo também com a demora para a entrega dos materiais, que em alguns casos chega a até um ano. Algumas construtoras, na tentativa de garantir a clientela, já buscam alternativas para facilitar o financiamento da entrada e assegurar as chaves ao futuro proprietário sem maior comprometimento da renda.

“Alta dos insumos nessa proporção só no período pré-Plano Real. Em 2008, tivemos um aumento de 16,57% na época da crise, mas estamos diante do maior incremento de custo dos insumos”, afirma Ieda Vasconcelos, assessora econômica do Sinduscon-MG. Segundo ela, o fio de cobre teve alta de 91%, assim como o aço, que subiu 75%, e o cimento 50%. “Se pegarmos a lista de todos os insumos que entram na composição do CUB (Custo Unitário Básico), que são 26, nenhum deles teve uma variação inferior à meta de inflação para este ano, de 3,75%”, explica.

A assessora econômica do Sinduscon lembra que com a alta no preço dos insumos, construtoras que já venderam os apartamentos vão construir com um custo maior, o que acaba inibindo lançamentos futuros. “Como você lança novos imóveis sem saber o custo do material daqui para frente?”, questiona. Além disso, segundo ela, Belo Horizonte e Nova Lima fecharam 2020 com 2.300 unidades disponíveis e as vendas hoje estão o dobro dos lançamentos, o que vai pressionar o custo dos imóveis.

Ieda Vasconcelos lembra também que além da alta dos custos dos materiais, o setor vem sofrendo com o desabastecimento de produtos, cujos revendedores esticaram prazos para 60, 90 e até 120 dias. “Isso prejudica o processo produtivo do setor. Para se ter uma ideia, o nosso presidente (do Sinduscon, Geraldo Linhares) informou que estava fazendo uma cotação para compra de esquadrias e o prazo para entrega era de 360 dias”, conta.

“Neste cenário que estamos vivendo, a gente tenta não repassar o aumento de custos para o cliente, porque entendemos que ele não teve melhorias na renda. Estamos reinventando o plano de pagamento e as condições de entrada no valor do imóvel para que o comprometimento da renda do interessado não seja alterado”, afirma Bárbara Bortoletto Guimarães, gerente Regional da AP Ponto Construtora, que está comercializando as últimas cinco unidades do residencial Ponto Verano, no bairro Juliana, na região de Venda Nova.

Neste canteiro de obras, o custo de construção de cada unidade saltou de R$ 62 mil para R$ 77 mil de agosto até agora. Os imóveis com dois quartos são comercializados hoje a R$ 160 mil pela construtora.

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