De volta ao eixo: técnica reorganiza o corpo, alivia dores e libera tensões emocionais

Patrícia Santos Dumont
24/01/2019 às 15:41.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:12
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Realinhar a postura, aliviar dores crônicas, alongar e equilibrar o corpo e tornar os movimentos mais fluidos são benefícios conquistados com fisioterapia e exercício físico, certo? Não necessariamente. Método criado por uma norte-americana – e ainda pouco difundido no Brasil –, o Rolfing® promete reorganizar a estrutura corporal por meio da liberação do tecido que percorre o organismo. Por dentro. 

Fáscia, sistema miofascial ou tecido conjuntivo é o nome da ampla rede, espécie de roupa, que caminha por ossos, músculos, vasos sanguíneos e nervos de forma contínua e em camadas. Com o passar do tempo, em função de vícios posturais, lesões, estresse e da ação da gravidade, pode se tornar justa demais a ponto de provocar desequilíbrios e compensações físicas, que refletem até no estado emocional. 

O método libera tensões por meio de pressão e deslizamento feitos com as pontas dos dedos, antebraço, cotovelo ou dorso da mão. A tensão aplicada pelo rolfista varia conforme as respostas apresentadas por cada corpo aos toques feitos sem creme nem óleo. 

De volta ao eixo

Uma das profissionais mais experientes de Belo Horizonte, com 30 anos de formação, Cláudia Brito explica que o objetivo das sessões é proporcionar a retomada do eixo de cada um. Para ela, o grande trunfo de Ida Rolf, criadora da ferramenta (leia mais no fim da matéria), foi relacionar a estrutura do corpo humano à ação da gravidade, revelando as propriedades da fáscia, estrutura plástica e elástica. 

“Se a pessoa não sabe ficar em pé, se a postura não está adequada ou se o eixo está desalinhado, a atração do campo gravitacional será irregular, gerando compensações. Tudo isso se junta a lesões, padrões de repetição e à somatização Liberando a fáscia, o corpo perde a ridigidez, se torna mais maleável, flexível e funciona melhor”, explica. 

Os ganhos são inúmeros. A corretora de imóveis Mônica Dias Coelho do Couto e Silva, de 63 anos, por exemplo, livrou-se de uma condição quase incapacitante imposta por duas hérnias de disco. “Era uma dor violenta, não conseguia ficar em pé um minuto seguido. Hoje, estou praticamente curada. A postura melhorou, tenho mais consciência corporal e sei me cuidar melhor”, conta. Ela se submeteu ao tratamento completo, que compreende de dez a 12 sessões. 

Novo olhar

A advogada Karina Barcelos, de 31 anos, também vem colhendo frutos. Pilates, fisioterapia e Reeducação Postural Global (RPG) não haviam proporcionado os resultados obtidos com o Rolfing®. “Minha má postura incomodava muito e, às vezes, sentia dores após longos períodos sentada. Venho modificando a maneira de caminhar, de sentar e até de dormir”, revela a moça, que temuuma escoliose (curvatura lateral na coluna).

Mais do que benefícios físicos, o Rolfing® promove um novo olhar sobre o próprio corpo. “Considero o método primeiro como educativo, depois como terapêutico. Digo que a primeira crença que preciso mudar é a de que o nosso corpo é estático. Somos como argila, moldáveis”, enfatiza a rolfista Cláudia Brito. 

Desenvolvida nos Estados Unidos, a ferramenta ainda é pouco difundida no Brasil. Em Belo Horizonte, só existem oito profissionais certificados. Os cursos, realizados em São Paulo, passam, obrigatoriamente, pelo crivo da Associação Brasileira de Rolfing®

Fotos Riva Moreira

PASSO A PASSO - Sessões, de 1h30, começam com anamnese – avaliação postural, de traumas físicos e emocionais. Protocolo (dez a 12 encontros) é distribuído da seguinte forma: nas três primeiras, trabalha-se a fáscia superficial; da quarta à sétima, o centro do corpo (meio de perna, abdômen, coluna e cabeça) e nas finais, uma integração baseada na individualidade do cliente. O preço das sessões varia de profissional para profissional, girando em torno de R$ 250, a primeira consulta, e de R$ 340 as demais. 

Ferramenta ajuda a mudar padrões, destravar bloqueios emocionais e melhorar relações

Facilitar o acesso às emoções que guardamos ou que nos são despertadas, mas não afloram, é outra promessa do método, que proporciona mais flexibilidade ao corpo e, consequentemente, à alma. Rolfista há 28 anos, o psicoterapeuta Sérgio Oliveira Bambirra, um dos oito profissionais que atuam em BH, diz que os toques manuais ajudam no despertar não só da consciência corporal, como também emocional. 

“Em um corpo rígido, com pouca mobilidade ou com padrões repetitivos de defesa, as emoções ficam menos acessíveis, represadas. O grande barato do método é que, quando o corpo se solta, e, principalmente, quando se toma consciência disso, há uma facilidade maior em acessar as emoções e dar uma resolução a elas. Nos tornamos mais livres para nos relacionar”, explica. 

Estresse pós-traumático

No consultório dele, no bairro Serra, Zona Sul da capital, muitos clientes se beneficiam do Método Rolfing® como ferramenta para tratar o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Nesses casos, a liberação do tecido miofascial é capaz de proporcionar autoconhecimento e, consequentemente, conforto emocional. 

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“São pessoas que carregam consigo um nível de tensão corporal muito grande, sobretudo em função do medo. Daí a importância do o trabalho de Rolfing®, que proporciona uma liberação energética e maior consciência da pessoa com o próprio corpo. A partir daí, fica mais fácil buscar recursos para trabalhar aqueles traumas mais específicos”, explica. 

No dia a dia, a dica do rolfista para uma melhor percepção do próprio corpo e manutenção do equilíbrio, do eixo de cada é ter atenção ao todo. Segundo ele, quando passamos a perceber o corpo e as reações dele às diferentes situações do cotidiano, ficamos mais presentes e confortáveis. 

“Se a pessoa está lidando com uma autoridade e percebe que aquilo gerou certo medo ou timidez no corpo, imediatamente se solta e a relação fica muito mais fácil”, exemplifica.DivulgaçãoORIGEM - Bastante difundido nos Estados Unidos, Canadá e na Europa, o Método Rolfing® foi desenvolvido pela norte-americana Ida Rolf, PhD em bioquímica em 1917, que trabalhava do Instituto Rockefeller - mais tarde, Universidade Rockefeller. Motivada por queixas pessoais, após um acidente na adolescência, e de amigos que sofriam de dores crônicas, dedicou-se a pesquisas exploratórias e descobriu que nossa postura é uma resposta à nossa relação com a gravidade. Percebeu que, à medida em que nos soltamos, desaparecem as tensões que prendem e criam relação de conflito com a gravidade e o próprio corpo se auto alinha. 

Gostou do método e quer buscar atendimento? Anote na agenda:

Cláudia Brito (rolfista estrutural avançado e rolfista de movimento) 
http://www.claudiabrito.com.br/
Endereço: Av. Brasil, 1831/sala 1106 - Funcionários - Belo Horizonte/MG
Telefone: (31) 99983-8576

Sérgio Oliveira Bambirra (rolfista estrutural avançado e rolfista de movimento)
Endereço: Instituto Gestalt de Vanguarda Cláudio Naranjo - Rua Chefe Pereira, 96 - Serra - Belo Horizonte/MG
Telefone: (31) 99725-2598/3372-5922

Associação Brasileira de Rolfing® (ABR)
rolfing.com.br
Endereço: Rua Coronel Artur Godói, 83 - Vila Mariana - São Paulo/SP
Telefone: (31) 5539-8075

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