Denúncias dominam a Câmara: acusações deixam clima ainda mais tenso entre vereadores

Lucas Simões
06/08/2019 às 19:26.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:53
 (KAROLINE BARRETO/CMBH)

(KAROLINE BARRETO/CMBH)

Após a cassação do vereador Cláudio Duarte (PSL), a primeira da história da Câmara Municipal de Belo Horizonte, denúncias de quebra de decoro e corrupção seguem a pleno vapor no Legislativo. Nesta semana, novos elementos foram incorporados aos pedidos de cassação de Flávio dos Santos (Podemos), também acusado de manter um esquema de “rachadinha”, e de Wellington Magalhães (DC), que agora é processado por improbidade administrativa. Além disso, o suplente de Cláudio Duarte, o vereador Ronaldo Batista (PMN), é réu na Justiça, acusado de desvios de dinheiro de um sindicato de transportes. 

Até a presidente da Casa, vereadora Nely Aquino (PRTB), foi alvo de denúncias no Ministério Público de Minas Gerais envolvendo um carro oficial.
Nos bastidores da Câmara, a informação é que foi instaurada uma guerra entre os vereadores. Para Mateus Simões (Novo), alguns pedidos de cassação foram usados como manobra para evitar a análise de outros processos. “No caso do Gilson Reis (PCdoB) e do Henrique Braga (PSDB), os pedidos foram arquivados. E isso retardou, por exemplo, o pedido de cassação que fiz contra Wellington Magalhães há 45 dias e ainda não foi lido”, disse Simões.

Ontem, o vereador do partido Novo acrescentou ao pedido de cassação de Magalhães a denúncia de que o parlamentar teria recebido R$ 1,8 milhão em propina, além de ter sido beneficiado com caixas de vinho e viagens internacionais para fraudar licitações publicitárias da Câmara, causando rombo de R$ 30 milhões no legislativo. As informações, até então em segredo de Justiça, foram tornadas públicas na última sexta-feira pelo MP. Magalhães esteve em Plenário ontem, mas não falou sobre as acusações.

No caso de Flávio dos Santos, cinco ex-funcionários dele formalizaram ontem uma denúncia a Mateus Simões, confirmando suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do vereador do Podemos.ABRAAO BRUCK/CMBH 

Denunciado duas vezes, acusado de manter um esquema de “rachadinha” no próprio gabinete. Uma ação foi arquivada e a outra foi derrotada em Plenário. Novo pedido de cassação deve ser feito nesta semana na Casa

As informações serão usadas pelo parlamentar do Novo para protocolar novo pedido de cassação contra Flávio dos Santos — ele foi alvo de duas denúncias na Casa, sendo uma delas arquivada e a outra derrotada em Plenário. Os dois pedidos se basearam no suposto esquema de “rachadinha”.
“A informação que recebi é que de um funcionário eram confiscados R$ 5 mil mensalmente. Mas os valores serão apurados”, diz Simões. Flávio dos Santos não compareceu à Câmara ontem. Ele não foi encontrado para comentar o caso.

Empossado recentemente na Câmara, o suplente de Cláudio Duarte (PSL), vereador Ronaldo Batista (PMN), é réu em uma ação do Ministério Público, acusado de desviar recursos do sindicato dos trabalhadores do transporte coletivo. A ação tramita no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG) e investiga dez pessoas ligadas à entidade. Em Plenário ontem, Ronaldo Batista se limitou a dizer que “é uma investigação em segredo de Justiça e nada será provado”. KAROLINE BARRETO/CMBH 

Réu em uma ação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que tramita no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG), acusado de desviar recursos do sindicato dos trabalhadores do transporte coletivo 

Após ter a própria família ameaçada às vésperas da cassação de Cláudio Duarte (PSL), a vereadora Nely Aquino (PRTB) foi alvo de denúncia anônima no Ministério Público de Minas por improbidade administrativa, por supostamente fazer uso irregular do carro da presidência.
Ontem, a vereadora se defendeu das acusações em Plenário e disse que “as intimidações se tornaram vergonhosas”. “Utilizaram imagens do meu filho para me ameaçar e, agora, me intimidar. É vergonhoso. Mas não vou ceder”, disse.

Segundo o MP, a denúncia é baseada em imagens que mostram o filho da vereadora sendo buscado na porta da escola de carro, um Chevrolet Prisma de cor prata. O vídeo foi usado para ameaçar Nely um dia antes da cassação de Duarte. Por meio de nota, a Procuradoria da Câmara afirmou que “o contrato de locação de veículos e sua regulamentação normativa confere a possibilidade do uso do veículo para: garantia da integridade física dos vereadores e mesmo proteção de seus familiares, em situações excepcionais, como no presente caso em que uma criança de seis anos está sendo monitorada”.KAROLINE BARRETO/CMBH 

Alvo de pedido de cassação feito pela advogada Priscilla Oliveira, que alega que o vereador do Novo quebrou o decoro ao afirmar, em Plenário, que o pedido de cassação contra Henrique Braga, elaborado por ela mesma, foi feito para abafar o processo contra Wellington Magalhães. O pedido ainda será analisado. Simões tratou o caso como “cortina de fumaça”

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