Desemprego da Eurozona bate recorde e atinge 19 milhões de pessoas

AFP
02/04/2013 às 18:13.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:29
 (Daniel Roland)

(Daniel Roland)

BRUXELAS - O desemprego na Eurozona alcançou 12% em fevereiro, ou seja, mais de 19 milhões de pessoas se encontravam sem trabalho neste mês, um recorde na história do bloco que deve ser superado ainda este ano, enquanto a situação econômica na União monetária não se recupera.

A taxa de desemprego aumentou em relação a janeiro, quando foi revisada para 12%, contra 11,9%. Mais 33 mil pessoas se juntaram ao grupo de desempregados na zona do euro em fevereiro. No total, mais de 19 milhões de pessoas estão sem emprego nos 17 países da União monetária.

"É a 22ª alta mensal consecutiva do número de desempregados", ressalta Martin Van Vliet, analista do banco ING.

O comissário europeu encarregado dos Assuntos Sociais, Laszlo Andor, reagiu em um comunicado lamentando o nível de desemprego "inaceitável" e "uma tragédia para a Europa", utilizado exatamente os mesmos termos que no mês anterior.

Em toda a União Europeia, a taxa de desemprego era de 10,9% em fevereiro, em alta em relação a janeiro (10,8%). Isso correspondia a 76 mil desempregados a mais, de um total de 26,338 milhões de pessoas.

A progressão do desemprego é enorme nas duas zonas em relação a fevereiro de 2012: a taxa de desemprego era de 10,9% na zona do euro e de 10,2% no conjunto da UE. Concretamente, isso se traduziu, em um ano, em 1,7 milhão de desempregados a mais na zona do euro, e 1,8 milhão na UE.

A Grécia continua a registrar as mais altas taxas de desemprego da zona do euro, 26,4% (segundo os últimos dados de dezembro), mas a Espanha não fica muito atrás, com 26,3%. Um nível que contrasta com os números registrados na Áustria (4,8%), Alemanha (5,4%) e em Luxemburgo (5,5%).

Na França também houve aumento, de 10,7% em janeiro passou a 10,8%. "É muito preocupante em meio a outros sinais que indicam uma grande fraqueza da economia", ressalta Jennifer McKeown, da Capital Economics.

Em um ano, os maiores aumentos na taxa de desemprego foram registrados na Grécia (de 21,4% a 26,4% entre dezembro de 2011 e dezembro de 2012) e no Chipre (de 10,2% a 14,0%), seguidos por um outro país sob programa de ajuda internacional, Portugal. Neste país, o desemprego passou de 14,8% a 17,5% em um ano.

Os dados são especialmente trágicos para os mais jovens: 23,9% dos jovens estavam desempregados na Eurozona, em comparação com os 22,3% de fevereiro de 2012. Esta situação foi particularmente catastrófica na Espanha (55,7%), Portugal (38,2%) e Itália (37,8%). Na Grécia, 58,4% dos jovens com menos de 25 anos estava sem trabalho em dezembro.

Ainda sim, os novos dados podem ser considerados reconfortantes. "Os 33 mil desempregados registrados em fevereiro constituem o menor aumento desde que o desemprego começou a subir em abril de 2011", e este número não é comparável com o aumento de mais de 200 mil desempregados registrados em janeiro, revela Howard Archer, do IHS Global Insight.

Nesta terça-feira, os números publicados para o mês de março na Espanha, Itália e Áustria revelam uma ligeira queda do número de desempregados.

Mas os sinais de pessimismo parecem prevalecer. "Com os cortes orçamentários que pesam no rendimento disponível e sobre a confiança dos consumidores empurrando para níveis muito baixos, os gastos dos consumidores podem continuar a cair nos próximos meses", acredita Jennifer McKeown, que prevê que o PIB da zona do euro cairá "bem abaixo da previsão de consenso de -0,3% este ano".

O índice de produção divulgado nesta terça-feira pela empresa Markit, vai na mesma direção e revela uma nova contração da atividade neste setor.

Neste contexto, "o fim das dificuldades do mercado de trabalho na zona do euro ainda não está à vista", considera Martin Van Vliet, para quem "o melhor que podemos esperar é que o desemprego pare de progredir este ano".

Mas Howard Archer, salientando que a situação permanecerá desigual entre os países, considera que existe "probabilidade substancial de que o desemprego na zona do euro continue a aumentar nos próximos meses." Segundo ele, "pode ??muito bem se aproximar de 12,5% no final do ano ou início de 2014".

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