Diversidade na passarela: semanas de moda flexibilizam padrão de beleza

Flávia Ivo
fivo@hojeemdia.com.br
17/09/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:35
 (Angela Weiss/AFP)

(Angela Weiss/AFP)

Aos poucos, quase que engatinhando, o padrão de beleza que, por décadas, dominou as passarelas de todo o mundo, vai perdendo força para dar lugar à diversidade de gêneros, biotipos e etnias. Prova disso foram os desfiles que ganharam destaque nas semanas de moda de São Paulo, no fim de agosto, e de Nova York, que terminou na última quinta-feira. O estilista mineiro Ronaldo Fraga e o colega nova-iorquino Michael Kors são exemplos de quem já entendeu que abraçar o fora do padrão é o futuro da moda não faltam.

“O conceito de beleza anteriormente estabelecido era uma ilusão. Hoje, estamos mais próximos da realidade. A beleza muda de acordo com a tribo: brancos, negros, gordinhos, magrinhos, transgêneros”, observa o diretor do Instituto Europeu de Design (IED), Victor Megido. Ele acredita que a flexibilização do estereótipo de beleza é uma tendência.

Millenial

Esta mudança que está em curso tem como protagonistas, principalmente, os mais jovens, apontam especialistas no assunto. Frazer Harrison/Getty Images for Addition Elle/AFP / N/A

Ashley Graham

Diretora da École Supérieure de Relooking no Brasil, Vandressa Pretto afirma que as gerações millenial e Z (nascidos nos anos 2000), por terem sido criadas de forma mais livre, são quase desprovidas de preconceito e aceitam naturalmente as diferenças.

“E esses são os consumidores que mais têm acesso hoje à internet, compram regularmente pela web, potencializando a concorrência”, resume. Para ela, as marcas que têm visão atenta a isso saem na frente, sabem o que o cliente quer.

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Para Aldo Clécius, professor e pesquisador de tendências do Centro Universitário Una, os jovens estão promovendo uma verdadeira revolução no mundo da moda, a partir do momento em que buscam outras formas de beleza.

“Quando elejo alguém como um padrão e não consigo atingi-lo, vou me tornar uma pessoa infeliz e o que a gente busca na vida é a felicidade, que passa muito pela autoaceitação. Ver alguém na passarela que traduz um pouquinho nós mesmos é um alento”, coloca Clécius.

Paradigma

O comportamento dessa que é a atual e também futura geração de consumo contrário à exclusividade do biotipo hipermagro de modelos adotado pelas marcas em desfiles foi responsável por uma recente decisão sem precedentes no segmento fashion.

Em 6 de setembro, um dia antes do início da New York Fashion Week, dois grandes grupos franceses de luxo – LVMH e Kering, proprietários de marcas como Saint Laurent, Gucci, Dior e Louis Vuitton – selaram um código de ética no qual comprometem-se a não trabalhar com modelos extremamente magras e menores de 16 anos.

“A moda é um grande intérprete da sociedade, acredito que esse movimento talvez seja o espelho máximo do que está acontecendo. A flexibilização do padrão de beleza está possibilitando que a moda renasça. Estamos vivendo uma mudança de paradigma”, assegura Victor Megido, diretor do IED.

Ele acredita que, finalmente, é dada voz a todo mundo, e “ao que é bonito e autêntico. Não é mais a estética que manda na moda, é a ética”. 

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