Divida pela metade: portabilidade do crédito cresce 69% e vira alternativa para redução dos juros

Tatiana Moraes
16/01/2019 às 22:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:04
 (Editoria de Arte)

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A queda da taxa Selic, que despencou de 14,25% em outubro de 2016 para 6,50% no mês passado, refletiu diretamente na redução dos juros cobrados pelos bancos, estimulando a portabilidade de crédito. Até então pouco procurada pelos brasileiros, a ferramenta para diminuir a dívida caiu nas graças do consumidor. Entre 2017 e 2018, houve um aumento de 69,65% no número de contratos firmados entre clientes e instituições financeiras, saltando de 2,2 milhões para 3,7 milhões, conforme dados do Banco Central. Em alguns casos, é possível cortar a dívida pela metade.

Regulamentada em 2006 pelo Conselho Monetário Nacional do Banco Central e aprimorada em 2013, a portabilidade permite que o consumidor negocie a dívida com outros bancos, firmando contrato com a instituição financeira que apresentar melhores condições e taxas. 

Os juros cobrados pelos bancos variam muito. Por isso, a ferramenta é vantajosa. Conforme informações do Banco Central, as taxas para financiamento imobiliário, por exemplo, variam de 8,21% ao ano a 11,1% ao ano. 

Em um contrato de empréstimo de R$ 200 mil para serem pagos em 360 meses, o cliente que migrar da instituição mais cara para a mais barata consegue economizar R$ 220,61 por mês e R$ 79.420 ao fim dos 30 anos, de acordo com o coordenador do curso de Economia do Ibmec, Márcio Salvato. Na prática, significa que os mesmos R$ 200 mil poderiam custar R$ 438.260 ou R$ 517.680.

“Uma pequena variação nos juros é capaz de fazer grande diferença no total pago. Vale a pena pesquisar”, afirma o especialista. 

Ele alerta que os juros da linha de financiamento não devem ser confundidos com o custo efetivo do contrato, que é o principal ponto a ser analisado por quem deseja mudar a dívida de banco. “O cliente deve saber qual o custo total. Afinal, além dos juros existem outras taxas, encargos e seguros, por exemplo. A soma desses valores é o chamado custo efetivo”, diz.

Todas as dívidas podem ser migradas. No entanto, nenhum banco é obrigado a receber o débito. O conselho ao consumidor é tentar fazer a transferência mesmo assim, inclusive de dívidas que não são altas 

Cartão de crédito
Uma dívida de R$ 5 mil no cartão de crédito que seria paga em 12 meses pode ter diferença de R$ 7.216,04 ao fim do contrato, a depender de qual banco foi contratado. No que oferece os juros mais baixos do mercado, de 51,04% ao ano, o montante a ser quitado é de R$ 6.209,04. No caso da instituição que cobra as taxas mais altas, seria necessário R$ 13.425,08 para dar fim a o mesmo débito, uma diferença de 116,22%. 

Cheque especial
Também é possível reduzir a conta do cheque especial. No banco cujos juros são os mais baixos (7,78% ao ano), um débito de R$ 7 mil custaria 7.289,95 em 12 meses, mediante pagamento de parcela de R$ 607,50. 

Quando a simulação é realizada utilizando os números da instituição que cobra mais caro (526,95%), a parcela sobe para R$ 1.376,67. Ao fim das 12 parcelas, o cliente teria gasto R$ 16.520,07. Na ponta do lápis, significa que o consumidor tem capacidade de diminuir a dívida em mais da metade, alcançando índice de 55,87%.
 

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