Do Carnaval à 'guerra': combate à Covid-19 faz PBH adotar medidas duras, que podem impactar economia

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
17/03/2020 às 21:26.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:59
 (Amira Hissa/ PBH)

(Amira Hissa/ PBH)

Há menos de 15 dias, autoridades municipais de Belo Horizonte celebravam os significativos números do Carnaval de 2020, considerado o melhor da história do município. A divulgação ganhava ares de alívio, após os severos temporais de fevereiro, que causaram perda de vidas, destruição e enormes prejuízos à capital. Com público total nos eventos estimado em 4,5 milhões de pessoas, o Carnaval movimentou e alegrou BH, contando ainda com a presença de mais de 200 mil turistas. 

A rede hoteleira, segundo informações da Belotur, contabilizou quase 60% de ocupação e, embora o balanço econômico final ainda não tenha sido divulgado, entidades empresariais falavam, antes mesmo da festa, em expectativa de mais de R$ 1 bilhão injetados na cidade, naquele período.

Nessa terça-feira (17), em razão da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, o bom resultado apresentado duas semanas antes pareceu se esvair. Em entrevista coletiva à tarde, transmitida pelo Facebook para evitar a aglomeração de jornalistas na sede do Poder Municipal, o prefeito Alexandre Kalil foi taxativo: o cenário, agora, é de “guerra” contra a Covid-19.

“A pandemia é guerra. Ela chegou e encostou na gente”, disse o prefeito, ao anunciar a criação de um comitê municipal para enfrentar a Covid-19 e uma série de medidas para tentar mitigar o efeitos sociais, econômicos e sanitários do coronavírus em BH – que tinha, até a noite dessa terça, cinco dos 14 casos confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde em toda Minas Gerais. 

Além do fechamento de escolas municipais, de parques, feiras e clubes de lazer, o prefeito suspendeu por tempo indeterminado a concessão de alvarás para eventos privados e públicos. “Cinema, teatro, shows e feiras estão suspensos. Todos os fechamentos de rua estão suspensos”, afirmou.

Kalil também disse que até seria favorável a um eventual fechamento de shoppings e bares de BH e Região Metropolitana nesse período, embora tais medidas não constassem no anúncio da PBH. De qualquer forma, o chefe do Executivo admitiu que as ações para barrar o novo vírus devem ter “impacto muito duro para muita gente”. 

Pensando nisso, ele se comprometeu a apoiar todos, especialmente os comerciantes, que, mesmo se mantiverem negócios em funcionamento, terão redução inevitável do movimento dos clientes. 

“Não vamos deixar os comerciantes ao léu. É obrigação do poder público ir atrás de um título de financiamento, de um prolongamento do (pagamento do) Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), de alguma coisa”, afirmou Kalil.

Ao final da coletiva, o prefeito não deixou de mencionar o Carnaval deste ano, tido como uma espécie de renascimento do município após as tempestades do mês passado. Ele usou a referência para reforçar a necessidade de nova superação na trajetória da cidade. 

“Desculpa de só aparecer na hora ruim. Então, vou aproveitar para falar que parabéns pelo Carnaval (2020), e nós vamos vencer mais essa. E vamos fazer, ano que vem, mais um Carnaval lindo para esse povo lindo, dessa cidade linda”, concluiu.

Shoppings
Também nessa terça, o grupo Multiplan, que controla os shoppings BH, Pátio e Diamond Mall na capital, anunciou a redução do horário de funcionamento, a partir desta quarta-feira. A exemplo de outros pontos comerciais do grupo no país, os centros abrirão apenas das 12h às 20h. 

Especialistas acreditam que a decisão dos shoppings pode servir de parâmetro para outros estabelecimentos comerciais de BH, nos próximos dias. 


 

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