Dólar, exportação e demanda fazem quitutes julinos subirem o dobro da inflação

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
02/07/2021 às 08:15.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:19
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Quem decidiu matar saudade de festas julinas devorando quitutes típicos pode preparar o bolso: ficou mais caro saborear arroz doce, canjica, broas, pamonhas e caldos em 2021. Levantamento da Fundação Getúlio Vagas (FGV) mostra que os preços de insumos e ingredientes para preparar esses pratos aumentaram em média 16% nos últimos 12 meses. O índice representa o dobro da inflação no período, 7,98%.

Os maiores vilões foram arroz, leite condensado, carnes bovinas, linguiça, salsichão e açúcar cristal. Os dois primeiros estão no topo da lista dos itens com maior reajuste. O arroz teve alta de 52,45%; o leite condensado, de 25,62%. 

As carnes bovinas e a linguiça – usadas em caldos – subiram 34,4% e 27,74%. Ainda sofreram aumentos além da inflação o açúcar cristal (24,02%), a salsicha e o salsichão (20,36%), o milho (13,79%), o amendoim (11,13%) e o fubá de milho (9,19%).

<Mesmo com a pandemia, maior demanda na comparação com 2020 e a sazonalidade da procura pelos itens ajudam a explicar a alta dos preços

Para o consumidor, é difícil digerir os índices principalmente porque a procura por esses produtos tenderia a estar menor devido às regras de isolamento social e a proibição de festas e eventos públicos – que, em Belo Horizonte, só serão retomados a partir de sábado (leia mais na p.11). Mas os preços foram puxados pela alta do dólar, aliada à maior demanda por alimentos no exterior – que faz com que seja mais rentável aos produtores exportar do que abastecer o mercado interno. 

Além disso, mesmo com a pandemia, a maior demanda na comparação com 2020 e a sazonalidade da procura ajudam a explicar a subida dos preços.

“Também existe uma falsa impressão do pequeno empreendedor que vende alimentos de que há mais dinheiro circulando na praça, devido ao auxílio emergencial. Aí muitos fazem reajustes para tentar compensar prejuízos passados”, diz o economista Alexandre Miserani.

Com tudo mais caro, haja criatividade para garantir lucro na venda dessas comidas típicas sem espantar os clientes. A empresária Bárbara Pampolini decidiu inovar: colocou a mão na massa para criar embalagens caseiras e apostou em “prendas infantis” para agregar valor ao que já oferecia.

“Apostei em produtos mais festivos e não somente nos pratos tradicionais. Com isso, consegui aumentar as vendas em relação ao ano passado”, comemora.

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