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A música sempre fez parte da vida de Dona Onete. Compunha e cantava em bares de Igarapé-Miri, onde criou filhos e netos, e Belém. Mas somente aos 65 anos de idade, seu talento foi descoberto e foi integrada ao grupo "Coletivo Rádio Cipó". Agora, aos 73 anos, ela mostra ao Brasil todo seu talento como compositora e cantora por meio de seu primeiro disco, "Feitiço Caboclo", lançado pelo selo independente Na Music.
O álbum só pôde ser feito graças aos esforços do produtor Marco André, que apostou no carimbó chamegado da artista e mandou o projeto para o edital do Conexão Vivo (realizado no Pará em parceria com a Lei de Incentivo Semear). "O Marco ficou louco quando me ouviu cantar. Foi ele quem me ensinou como me comportar no estúdio, já que estava acostumada apenas a cantar abertamente", conta a artista.
"Feitiço Caboclo" é 100% autoral e conta com participação de nomes destacados da cena musical paraense: Mestre Vieira, Pio Lobato, Manoel Cordeiro, Gaby Amarantos, Luê Soares e Lia Sophia. "Algumas músicas têm mais de 30 anos, mas tive que alterá-las para ficarem modernas", conta.
Paralelo
Isso não quer dizer que essa é a primeira vez em que a voz de Dona Onete é registrada. Assim como a maioria dos artistas do Pará, ela já havia feito registros caseiros de suas músicas. A artista lançou três discos no forte mercado paralelo de seu Estado. Isso foi importante para que ela ganhasse o título de "Rainha do Carimbó Chamegado" e fosse convidada a tocar na Virada Cultural de São Paulo, em 2010.
Dona Onete também tem sido muito reconhecida por seu trabalho como compositora. Duas das principais revelações da música paraense, Gaby Amarantos e Aíla, fizeram questão de inserir criações da artista em seus primeiros discos.