Economia de 'máscara': país tenta se proteger contra contaminação do coronavírus nas finanças

Bernardo Almeida
bpereira@hojeemdia.com.br
06/02/2020 às 20:52.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:33
 (Ricardo Trolle/Divulgação)

(Ricardo Trolle/Divulgação)

A crise mundial gerada pela epidemia de coronavírus, originada na China, pode trazer consequências para o Brasil não apenas em questões relacionadas à saúde pública. Possíveis efeitos também ameaçam a economia nacional, que precisa se precaver para não ficar “doente”.

Especialistas dizem que ainda não é possível dizer, com precisão, o tamanho do impacto do coronavírus nos negócios do maior parceiro comercial brasileiro no exterior. Nem como isso pode afetar a exportação de produtos primários para o país asiático e as bolsas, sobretudo no que tange a ações de gigantes como a Vale e a Petrobras. É certo, contudo, que deve haver danos.

“Nossas exportações, no momento, pode ser que afetarão 3%. Isso pesa para nós. Afinal de contas, a China é o nosso maior mercado exportador (importador)”, afirmou, na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro.

Uma das primeiras consequências para o Brasil da nova realidade pôde ser percebida na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Até pouco tempo, o aumento esperado do PIB nacional era de 2,5% em 2020, segundo o Banco Mundial. “Agora, as estimativas indicam que o crescimento deve ficar na casa dos 2%. A China é um motor da produção industrial planetária, forte nos segmentos de carros, computadores e outros. Logo, consome minério, aço, petróleo.

Com a redução de seu processo produtivo, deve demandar menos commodities e isso impacta no crescimento mundial, o que inclui o Brasil”, avalia o coordenador do MBA Executivo em mercado de capitais e derivativos da PUC Minas, Vinicius de Castro Scotta. 

“Ainda é difícil mensurar uma retração e a redução da atividade”, afirma Paulo Vieira, professor de finanças. “É natural esse susto inicial (em razão do crescimento nos casos de coronavírus) e o mercado financeiro tenta se antecipar a possíveis consequências. Nesses momentos de incerteza, a tendência é que os movimentos especulativos sejam maiores”, observa.

Selic
Uma das medidas para tentar proteger a economia brasileira contra a epidemia foi adotada anteontem. O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central reduziu a Selic de 4,5% para 4,25% – de novo, a mais baixa da série histórica. Foi o quinto corte após um período de estabilidade que durou 16 meses. 

Para analistas, ações como essa, que buscam elevar o consumo interno, tornando o país menos dependente de exportações, devem aliar-se a outras: agilidade nas reformas, melhoria do ambiente doméstico de negócios e incentivo ao turismo interno, por exemplo. Resta esperar, contudo, que os juros baixos não afastem o capital estrangeiro. E que, por outro lado, aqueçam de fato a economia doméstica. 

  

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