Após 12 anos, mina de Águas Claras ainda tem futuro incerto

Alberto Sena - Do Hoje em Dia
24/01/2013 às 06:53.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:00
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

Passados 12 anos do fechamento da mina de Águas Claras, na Serra do Curral, que divide os municípios de Belo Horizonte e Nova Lima, a destinação futura da área de 2.066 hectares ainda é uma incógnita.

Na época do fechamento, iniciado em 2001, a mineradora Vale chegou a anunciar a implantação no local de um empreendimento imobiliário de alto luxo. Entretanto, mudaram-se os planos e o foco agora é a “recomposição ambiental”. No entanto, a serra ainda exibe as marcas de mineração e áreas de subsolo exposto.
 
Lago

A enorme cava em forma de cone vem sendo lentamente enchida por três córregos e levará ainda 15 anos para ser inteiramente preenchida pelas águas, quando passará a ser o lago mais profundo do Brasil, com 234 metros.

O Hoje em Dia foi à mina de Águas Claras, mas só pôde chegar a certa distância do lago, porque para ir até as margens seria necessário usar equipamentos de segurança, segundo as normas internas da Vale. As perguntas à empresa foram enviadas por escrito, respondidas pelo gerente de meio ambiente, Rodrigo Dutra Amaral.

Marcas

Por trás da cava, as marcas do estrago – taludes (‘bancadas’) resultantes da ação minerária – ainda estão vivas na Serra do Curral, inclusive as mais antigas, no topo, datadas do início da década de 70. Na época, denúncias de que a MBR (mais tarde adquirida pela Vale) abriria uma enorme fenda no cartão postal de Belo Horizonte levou ao tombamento do seu perfil. A degradação também inspirou o poeta Carlos Drummond de Andrade a escrever o poema “Triste Horizonte”.

O professor Allaoua Saadi, do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências (IGC) da UFMG, argelino de nascimento, conhecido pelos estudos sismológicos, aponta como questões fundamentais, que cabem às mineradoras, quando uma mina é exaurida, “recompor a área e dar a ela um fim social”. E no caso de um lago (barragem ou represa), apresentar “estudo de sismo induzido” ao órgão ambiental como garantia da inexistência de risco de rompimento.

Saadi não concebe a ideia de que, depois da superexploração da área por sucessivas mineradoras até chegar a Vale, a empresa não possa devolvê-la “como uma compensação para a sociedade”, aludindo aos planos iniciais da minicidade de luxo.

“Que seja um lago, está bom”, disse, mas desde que público.

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