
SÃO PAULO - Nem os gigantes do mercado financeiro sobreviveram ilesos aos prejuízos provocados pela descoberta de uma fraude bilionária nas contas das Lojas Americanas. O lucro do banco Itaú, por exemplo, o maior da América Latina, sofreu uma queda de aproximadamente R$ 1 bilhão, por causa do caso.
Além do prejuízo com ações, grandes bancos estão tendo que aprender a lidar com um calote da rede varejista com seus credores. Só neste tipo de ação, o Itaú, que divulgou seus resultados nesta terça-feira (8), informou que teve que cobrir 100% da dívida das Americanas com o banco; um aporte que chega a R$ 719 milhões.
Segundo o presidente do banco, Milton Maluhy Filho, com a estratégia, adotada ainda em dezembro, o Itaú se livrou de impactos negativos do “caso Americanas” em balanços futuros. “Tudo o que nós conseguirmos recuperar agora entra como resultado positivo”, destaca.
Mesmo com o prejuízo provocado pelas Americanas, o Banco Itaú ainda apresentou um lucro de R$ 7,7 bilhões, no consolidado do 4º trimestre de 2022. Uma expectativa, segundo o presidente da instituição, que alcança as expectativas de mercado.
Caso isolado
Na avaliação do banco Itaú, o caso é relevante e exige atenção do mercado, porém, é uma empresa isolada e a situação não deve afetar outras grandes empresas do mercado brasileiro. “Não encontramos nada que nos indique que esta situação se repita em outras empresas. É uma fraude isolada. Não houve impactos extras”, afirmou Milton.
Para a imensa maioria dos clientes bancários, pessoas físicas, micro e pequenas empresas que utilizam o sistema bancário para buscar linhas de crédito, o caso não deve provocar grandes impactos.
De acordo com Milton Maluhy, mais relevante do que essas dúvidas que surgem no mercado financeiro em relação a grandes empresas, o que que deve pesar para definir os juros e a facilidade de acesso às linhas de crédito será a atuação do governo. Na avaliação do banco, o governo tem dado sinais positivos de preocupação com o déficit e com mudanças no sistema tributário brasileiro, porém, o ano ainda deve ser de retomada lenta da normalidade.
“Nossa expectativa para 2023 no crédito de pessoas físicas é modesto e não devemos avançar nestas linhas”, avisa Maluhy dando destaque para diminuição na disponibilidade de novas linhas para cartão de crédito, cheque especial e financiamento de veículos.