Bradesco compra operação brasileira do HSBC por US$ 5,2 bilhões

Estadão Conteúdo
03/08/2015 às 08:46.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:11
 (Reprodução)

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O Bradesco comprou neste domingo (2) a operação brasileira do HSBC por US$ 5,186 bilhões (R$ 17,6 bilhões), diminuindo a diferença para o Itaú, maior banco privado do país.

Os detalhes do negócio serão anunciados nesta segunda-feira (3). O valor da operação ficou acima do previsto pelo mercado. Analistas esperavam que o banco fosse comprado por R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões.

O maior interesse do Bradesco está na clientela de alta renda do HSBC, sexta maior instituição financeira do país em ativos. O banco tem cerca de 10 milhões de clientes, uma rede de 853 agências e receitas da ordem de R$ 10,6 bilhões.

"Com a aquisição, o Bradesco assumirá todas as operações do HSBC no Brasil, incluindo varejo, seguros e administração de ativos, bem como de todas as agências e clientes", informa o banco, em fato relevante publicado nesta segunda-feira.

O HSBC planeja manter uma pequena presença no Brasil para atender clientes corporativos.

Segundo o Bradesco, a aquisição vai proporcionar benefícios para os clientes das duas instituições, como o aumento da rede de atendimento em todo o país e o acesso a produtos oferecidos pelos dois bancos, principalmente nos mercados de seguro, cartão de crédito e administração de fundos (asset management).

"A aquisição possibilitará ganho de escala e otimização de plataformas, com aumento da cobertura nacional, consolidando a liderança em número de agências em vários Estados, além de reforçar sua presença no segmento de alta renda", diz o banco em comunicado.

Os clientes do HSBC, de acordo com o Bradesco, "continuarão a ser atendidos da forma habitual e, após a conclusão da operação, passarão a contar com todos os produtos, os serviços e as comodidades oferecidas".

ESTRATÉGIA

O negócio é concretizado quase dois meses após o HSBC ter anunciado uma reestruturação global, que incluía a venda de suas filiais brasileira e turca, para reduzir custos em US$ 5 bilhões e enxugar 25 mil vagas, número que representa cerca de 10% de seus funcionários.

O plano faz parte de uma estratégia do banco para recuperar a rentabilidade e superar as perdas ocasionadas pelo escândalo conhecido como Swissleaks, em que é acusado de ajudar clientes de alta renda a sonegar imposto e ocultar recursos depositados em contas na Suíça.

O HSBC chegou ao Brasil em 1997, ao comprar o antigo Bamerindus, com a promessa de acirrar a concorrência e consolidar um plano de expansão mundial. Mas, ao contrário do que a matriz esperava, suas operações foram deficitárias. No ano passado, o HSBC registrou prejuízo de R$ 549 milhões.

EMPREGO

A venda preocupa os bancários, que temem aumento das demissões em um período em que os cortes se intensificam. A defesa do emprego é um dos principais itens da pauta da campanha salarial aprovada neste domingo.

"Vemos com preocupação a venda do HSBC, que tem hoje mais de 20 mil trabalhadores em todo o país e milhões de clientes. E é com eles que o banco precisa se comprometer. Nenhum processo de venda pode causar prejuízo à sociedade brasileira", disse a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.

Venda ao Bradesco otimiza negócios e reduz complexidade, diz HSBC

A direção do HSBC celebrou a venda de sua operação brasileira para o Bradesco como um "significante passo" para otimizar seus negócios e "reduzir a complexidade" da instituição bancária.

"Nós estávamos buscando uma série de ações para gerar aumento de valor para os acionistas. Tenho o prazer de anunciar hoje [segunda] uma transação que atinge um resultado financeiro sólido e uma entrega rápida de uma de nossas ações estabelecidas", disse o CEO do HSBC, Stuart Gulliver.

O HSBC havia anunciado em junho a intenção de vender seu braço brasileiro dos negócios, como forma de reduzir custos e funcionários. Além da filial no Brasil, o banco também divulgou que venderia a operação na Turquia.

"Temos o prazer de estar trabalhando com Bradesco nessa transação, dada a sua liderança no mercado brasileiro e o compromisso com a equipe e os clientes do HSBC", destacou o banco, em comunicado.

O negócio com o Bradesco foi anunciado pelo HSBC nesta segunda (3), mesmo dia da divulgação de seus resultados financeiros. O banco com sede britânica destacou que o preço de venda da filial brasileira, US$ 5,2 bilhões (R$ 17,6 bilhões), ficou 1,8 vezes acima de seu valor contábil. O banco não deu mais detalhes do acordo.

O HSBC ressaltou ainda que, com a venda ao Bradesco, deixa de competir no mercado doméstico no Brasil, priorizando apenas clientes corporativos com interesses internacionais.

Os dados financeiros divulgados nesta segunda pelo banco mostram um aumento de lucro de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram US$ 13,6 bilhões nos primeiros seis meses de 2015 ante US$ 12,3 bilhões em 2014.
 

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