Cefet-MG desenvolve tecnologia para reciclar lixo eletrônico

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
10/01/2014 às 06:38.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:15
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Minas Gerais está um passo à frente do Brasil e da América Latina no desenvolvimento de um processo de recuperação e reaproveitamento de minerais presentes em equipamentos eletroeletrônicos descartados. Já em fase de pesquisa, o projeto, coordenado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG), chegará à fase piloto ainda neste ano.

A proposta, inédita no país e no continente, consiste na coleta e separação do lixo eletrônico para trituração das peças. Depois, por meio de uma estrutura modular composta por células de processamento, minerais como ouro, platina e cobre são isolados, possibilitando a reinserção deles na cadeia produtiva.

“Existem empresas brasileiras que já trabalham com a reciclagem do lixo eletrônico, mas elas só vão até a etapa de separação e trituração. Meu projeto continua do ponto em que elas param. Além de resolver o problema do lixo, resolve o do meio ambiente, porque muitos materiais têm metais pesados que contaminam o solo e o lençol freático, além de eliminar a necessidade de retirar mais minerais da natureza”, afirma o professor e pesquisador do Cefet-MG, autor do projeto, Joel Augusto dos Santos.
Fase prática

Desde 2010, quando começou a ser elaborado, o projeto passou pelas etapas de implantação, testes em laboratório e comprovação da viabilidade técnica e econômica. Neste ano, será criada, no Campus II do Cefet-MG, uma usina piloto que vai apontar os custos operacionais da tecnologia, a capacidade produtiva, quantidade e formação dos profissionais necessários.

Para chegar à essa fase, segundo Santos, são necessários aportes da ordem de R$ 800 mil, aproximadamente.

“Estamos precisando de investidores, agora, para comprarmos os equipamentos e darmos início à escala industrial. É um estudo com grande atrativo financeiro, porque custa menos de R$ 1 milhão. Minha proposta é desenvolver a técnica e o equipamento e entregar o conceito a quem tiver interesse em montar uma usina de grandes proporções”, diz o pesquisador.

De acordo com ele, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) de Belo Horizonte já deu parecer favorável à iniciativa, mas, conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a aprovação da adoção do modelo proposto precisa partir, primeiramente, da esfera federal.

Obsolescência

O projeto de recuperação e reaproveitamento de minerais encontrados no lixo eletrônico também se apresenta como uma solução ao acúmulo de resíduos decorrente do ciclo de obsolescência menor dos aparelhos eletroele-trônicos, nos dias de hoje. Com a introdução de novas tecnologias e a indisponibilidade de peças de reposição, os equipamentos são substituídos – e descartados – mais rapidamente.

Dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) apontam uma geração de 1.008,6 toneladas de lixo eletrônico no Brasil, neste ano. Em 2020, esse montante deverá saltar para 1.143,9 toneladas.

Já a eficiência do processamento, considerando o cenário atual, será de 66%.
 

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