(EUGENIO MORAES)
Pouca gente sabe, mas a aplicação na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) pode ser feita, também, por meio de clubes de investimento. Além dos meios mais comuns – individualmente via corretora de valores ou home broker e coletivamente via fundos –, a formação de grupos com interesses comuns é uma alternativa de mercado, principalmente para iniciantes sem muito conhecimento a respeito dos mecanismos das aplicações.
Os clubes são a reunião de pessoas físicas que aplicam recursos em títulos e valores mobiliários, que buscam apoio mútuo para montagem de estratégia de investimento e escolha de papéis, com custos relativamente menores.
Segundo o presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais de Minas Gerais (Apimec/MG) e professor de MBA em Finanças do Ibmec, Juliano Lima Pinheiro, eles assemelham-se às comissões de formatura das universidades: uma turma de alunos elege seus representantes, junta dinheiro e paga a festa.
“É mais ou menos assim, porém, formalizado. Na minha opinião, quem quer começar a investir deve ir por esse caminho, que exige pouco, é possível aplicar valores menores e discutir o mercado mensalmente nas reuniões do clube ou em conversas com o gestor. É mais didático”, diz.
Prós e contras
Outro aspecto favorável, de acordo com o professor, é o benefício tributário, já que os clubes não pagam impostos sobre a venda e a compra de ações. “O cotista é quem paga, no momento em que resgata sua cota. Aí, sim, incide tributo sobre a diferença entre o que foi aplicado e o que ele ganhou”, afirma Pinheiro.
Ele também destaca a comodidade de estar acompanhado por outros investidores, o que facilita o acesso ao mercado e o acompanhamento da Bolsa.
“Quando a pessoa está sozinha, temos duas situações: primeiro, ela precisa ter em mãos o valor suficiente para as operações, porque comprar e vender ações tem custos e eles podem ser maiores do que os ganhos. Depois, tem que ter tempo e conhecimento para acompanhar, senão, é melhor nem entrar”.
Já o professor de Finanças e coordenador geral dos cursos da Faculdade IBS/FGV, Ewerson Moraes, destaca a rentabilidade do investimento feito coletivamente. “As partes de cada um fazem aumentar o valor do investimento total, sendo a possibilidade de ganho maior”.
Mas, de acordo com Moraes, é importante que todos os integrantes do clube tenham características semelhantes para investir e que cheguem a um consenso na hora de eleger o gestor do clube, responsável pela tomada de decisões.
Em Belo Horizonte, oferecem a administração de clubes de investimento corretoras tradicionais como a Sita Corretora, Mundinvest e Amaril Franklin.
Riscos existem e devem ser monitorados
Apesar das vantagens e facilidades, os clubes de investimento podem se tornar uma armadilha se não forem tratados com cautela pelos integrantes.
De acordo com Juliano Pinheiro, da Apimec/MG, nos últimos anos, foram identificados casos de falsos gestores, sem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), atuando em Belo Horizonte na coordenação de clubes de investimento.
“Algumas pessoas entregam o dinheiro delas a outras que não são profissionais, na expectativa de ganhar a mais. Uma maneira de confirmar a idoneidade do gestor é conferir o registro dele no site da CVM e fazer buscas em órgãos de Justiça, para saber se existe alguma ação contra ele”, alerta Pinheiro.
professora de Finanças Empresariais do Ibmec/MG, Juliana de Morais Marreco de Freitas, também ressalta os cuidados que devem ser tomados antes de dar início às aplicações, mesmo que o clube seja formado por amigos ou familiares.
Cuidados
“Esse não é o tipo de coisa que aparece nos jornais. É importante ter o apoio de pessoas sérias, que orientem os membros do clube e apresentem algo que não seja picareta”, afirma.
Já os riscos inerentes ao investimento são os mesmos das outras aplicações, sejam elas individuais ou coletivas.
“É o risco natural do mercado de capitais. Se eu compro um bem por R$ 10 e vendo por R$ 8, por exemplo, deixo de ganhar ou perco dinheiro. Mas isso normalmente acontece por falta de orientação, por venda na hora errada ou pelo fato de a pessoa comprar algo que não era tão bom quanto ela imaginava inicialmente”, diz Pinheiro.