Tempos desafiadores

Comércio da Savassi sofre com cenário de portas fechadas

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 03/04/2023 às 10:29.
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

A quantidade de lojas fechadas na Savassi mostra as dificuldades enfrentadas pela região para se recuperar dos impactos negativos da pandemia de Covid-19. Para lojistas e comerciantes, os aluguéis altos e a insegurança são as principais razões para o fechamento de estabelecimentos no bairro.

Só no quarteirão entre a Praça Diogo de Vasconcelos e a avenida do Contorno, o Hoje em Dia contou dez lojas fechadas. A situação ainda é pior quando são contabilizadas as lojas em becos e galerias da região. Ivonete Ferreira tem uma loja de costura na Savassi. É a última comerciante que resiste no 1º andar de uma galeria na avenida Getúlio Vargas.

“Aqui no andar são oito lojas fechadas. A última foi a loja do canto. Tinha um senhor com loja de conserto de eletrônicos. Na pandemia ele não conseguiu pagar o aluguel e fechou. Já são dois anos com a loja fechada”, lamenta. Se considerarmos os três andares da galeria, são mais de 20 lojas fechadas.

Ivonete conta que deu sorte e conseguiu uma boa negociação com o proprietário do estabelecimento onde funciona, mas que nem todos têm o mesmo sucesso. “Meu acordo foi pagar o condomínio e o IPTU, que fica em torno de R$ 1.500. O movimento na Savassi está baixo e isso acabou agravando a situação do pessoal que já estava com dificuldades de bancar o aluguel”, conta.

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Nem os pontos mais privilegiados do bairro, como os quarteirões fechados da Praça Diogo de Vasconcelos, escapam do drama de lojas vazias. A rua Pernambuco, num dos lados da praça, é o exemplo de como a crise, no local onde funcionava uma unidade das Lojas Americanas, agora com atividades encerradas, virou cenário repleto de vitrines vazias e portas fechadas: são quatro grandes lojas, só neste pequeno trecho do quarteirão fechado.

Situação que os funcionários do restaurante Jardim Gourmet, na Getúlio Vargas, se preparam para enfrentar. O dono não conseguiu bancar o aluguel e a loja tem data para fechar, “daqui dois meses”, dizem os funcionários. “A gente espera que consigam outro ponto aqui perto, mas aqui não vai dar para continuar. Se fechar de vez, não terei onde trabalhar, terei que buscar alternativas”, disse Gisele Machado, funcionária do estabelecimento.

Futuro

Em nota, a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) informou que o comércio da Savassi, assim como do restante da cidade, sofreu com os meses parados e ainda enfrenta dificuldades com mudanças no comportamento de compra dos consumidores. Porém, diz a nota, em 2022 o comércio de BH teve um resultado superior à média nacional e as perspectivas para o futuro seguem positivas.

“Foram dois longos anos de muitos desafios e é importante lembrar que fomos a cidade do país onde o comércio ficou mais tempo fechado”, destaca a CDL. 

Em relação à Savassi, diz que há anos os comerciantes da região sofrem com a migração do público de alta renda para a compra em shoppings, situação agravada pela pandemia. “Hoje, a maioria das pessoas que consome na região são trabalhadores dos escritórios e empresas. Como ainda vivemos o home-office e sistema híbrido de trabalho, a circulação de consumidores não voltou aos patamares pré-pandemia”, destaca a nota.

A região faz parte do projeto “Centro de Todo Mundo”, lançado pela Prefeitura de BH com propostas para revitalização do centro da cidade. O objetivo é investir em ações de turismo que volte a atrair o público para a região e incentivar o caráter turístico da região. Iniciativas que, na avaliação da CDL-BH, uma das incentivadoras da proposta, deve contribuir para uma recuperação.

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