Consumidor em choque: puxado pela luz, IPCA de maio é o maior em 25 anos; preços seguem em alta

André Santos e Evaldo Magalhães
portal@hojeemdia.com.br
09/06/2021 às 20:01.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:08
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor da inflação no país, registrou, em maio, a maior alta para o mês nos últimos 25 anos. Divulgado ontem pelo IBGE, o dado mostrou também que o acumulado do custo de vida geral em 12 meses ultrapassou a marca de 8%. Após aumentos seguidos em itens como combustíveis e alimentação, que pressionam fortemente o IPCA desde o final de 2020, o principal vilão, desta vez, foi a energia elétrica, que subiu mais de 5% em maio em comparação na comparação com abril. 

Em Minas, embora sem que tenha havido reajuste nas tarifas da Cemig – congeladas recentemente, pelo segundo ano seguido, até maio de 2022 –, a aplicação do patamar 1 da bandeira vermelha nas contas de luz, em razão da crise hídrica no Sudeste (mais R$ 4,16 a cada 100 kWh consumidos) ajudou a salgar a inflação. E tudo indica que, agora em junho, essa puxada será ainda maior, já que a bandeira vermelha deve ir ao patamar 2 (acréscimo nas faturas de R?$6,24 a cada 100 kWh).

Em detalhes

O IPCA de maio ficou em 0,83%, 0,52 ponto percentual acima do registrado em abril, quando a taxa ficou em 0,31%. O acumulado de 2021 chegou a 3,22% e o montante desde maio de 2020atingiu 8,06%. De acordo com o IBGE, o maior impacto na inflação veio da alta da energia elétrica – que teve subida de 5,37%, o que respondeu por 0,23 ponto percentual do IPCA. Outros itens que puxaram a inflação para cima foram o etanol (12,92%), óleo diesel (4,61%), gás encanado (4,58%), gasolina (2,87%) e gás de botijão (1,24%).

No Estado, tarifa da Cemig está congelada, mas bandeira vermelha pesou

Para o economista do IBMEC Felipe Leroy, a inflação tem duas fortes fontes de pressão: a alta no câmbio e as grandes dificuldades de suprimento do mercado interno. “Infelizmente, o panorama é muito ruim, pois não há solução a curto prazo. O custo da produção está cada vez maior e isso vai ser repassado aos consumidores, sobretudo as famílias de baixa renda”.

Impacto 

Com a energia mais cara, mesmo sem reajustes tarifários, ao menos em Minas, alguns setores da economia sofrem para manter as atividades e não repassar a elevação de custos ao consumidor. É o caso das padarias. De acordo com a Amipão, por exemplo, a eletricidade impacta mais de metade dos custos de produção das padarias.

Com o aumento, pequenos e grandes negócios se veem em dificuldades. Presidente da Amipão, Vinícius Dantas, dono de rede de padarias e de uma usina, conta que gasta atualmente mais de R$ 100 mil com energia. “Depois da bandeira vermelha, minha luz subiu mais de 12%. Usamos energia fotovoltaica em parte da produção, mas nem isso tem barateado as despesa . Infelizmente, é quase impossível não repassar preços ao cliente”.

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