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Dark stores chegam a BH com promessa de frete mais barato e entrega em até 15 minutos

Luciane Amaral
@luciane_amarallamaral@hojeemdia.com.br
29/06/2022 às 08:22.
Atualizado em 29/06/2022 às 11:07

Elas são a promessa de realizar simultaneamente os sonhos de quem consome e de quem empreende. De um lado, satisfazem a necessidade do cliente de receber um produto no mesmo dia e sem frete absurdo; de outro, localização mais central, com acesso estratégico e rápido para diversos bairros, além da economia de gastos com impostos de publicidade na porta, montagem e decoração do ponto de venda e altos custos com grandes áreas de estocagem.

São as dark stores (lojas escuras, em tradução livre), que surgiram como parte de um movimento de renovação do varejo. “O conceito de dark store surgiu há cerca de 10 anos. Na prática, significa que o negócio não tem as portas abertas ao público, seja para comprar ou para consumir. E o empreendedor faz a venda ou a apresentação pela tecnologia, em sites, aplicativos, marketplaces (uma espécie de shopping center virtual)”, explica Victor Mota, analista do Sebrae especialista em varejo. 

Segundo o administrador, pós-graduado em projetos e gestão de micro e pequenas empresas, a popularização e o barateamento do custo da internet democratizou o acesso. “Então, praticamente todo mundo tem um celular conectado à internet. E a maioria das pessoas busca os marketplaces quando procura algum produto ou serviço”, explica.

O modelo, que permite um controle maior da operação, como entrega, estoque,etc., além de mais rapidez, explodiu com a pandemia, que forçou o fechamento de lojas físicas e a migração para o e-commerce. 

Em 2021, o Brasil somou 87,7 milhões de consumidores on-line, segundo a pesquisa Webshoppers, o mais importante relatório sobre e-commerce do país, realizado pela Ebit/ Nielsen, afirma o especialista. E 59% dessas compras foram feitas por dispositivos móveis.

Neste ano, apesar da retomada do mercado físico de vendas, com o avanço da vacinação contra a Covid, e-commerce é visto como um caminho sem volta. “A pandemia mudou o comportamento dos consumidores, levando muitas pessoas a comprar on-line pela primeira vez”, assinala Victor Mota. 

Experiência do cliente

E quem provou a experiência gostou e vai repetir. O cliente se acostumou a não ter de se preocupar em achar vaga em estacionamento, perder tempo procurando um produto na loja e enfrentar filas. Ele quer agilidade nas respostas a seus desejos e necessidades, com acesso fácil aos produtos e pagando menos pelo frete.

Isso pressiona, cada vez mais, os varejistas a interagirem em tempo real, oferecendo melhores experiências de compra, com comunicação omnichannel, que integra os canais de venda e permite respostas rápidas. Para garantir frete competitivo e entrega eficiente, conquistando novos consumidores e fidelizando os antigos, nunca foi tão necessário tornar a logística mais leve e mais ágil. 

O modelo das dark stores aproveitou a inspiração de grandes gigantes do varejo, que, para facilitar a entrega, criaram Centros de Distribuição (CD) próximos a áreas urbanas. Mas até os grandes entenderam que pulverizar a operação ao invés de manter grandes depósitos era mais barato e mais fácil, diante da escassez de espaço e do alto custo de aluguel. 

Grupo DPSP, responsável pelas redes Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo, abriu uma dark store em BH, no bairro Caiçara, região Noroeste da capital. (Grupo DPSP / Divulgação)

Grupo DPSP, responsável pelas redes Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo, abriu uma dark store em BH, no bairro Caiçara, região Noroeste da capital. (Grupo DPSP / Divulgação)

Novo modelo de vendas omnichannel se consolida em BH

Depois de São Paulo e Rio de Janeiro, o Grupo DPSP, responsável pelas redes Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo e um dos principais players do varejo farmacêutico com aproximadamente 1.400 lojas em 8 estados, além do Distrito Federal, abriu uma dark store em BH, no bairro Caiçara, região Noroeste da capital. 

Com mais de 11 mil apresentações de produtos em estoque, em um espaço total de 1.355 m², a nova unidade atende pedidos realizados via site, televendas e aplicativo. Leandro Rocha, gerente executivo digital do grupo, explica que as vendas pelo e-commerce representam 10% dos negócios da companhia. A ideia é melhorar a estrutura e a capacidade de entrega. “A nossa expectativa é que esse atendimento complemente a atenção farmacêutica tradicional das lojas físicas”, explica.

Em 15 minutos

E Belo Horizonte parece estar na mira de expansão de outras empresas. A Daki, que surgiu no olho do furacão da Covid no país, em 2021, com a proposta ser 100% digital, veio para a capital mineira em janeiro deste ano, com o desafio de ser ultrarrápida.

Já tem dez dark stores - as duas últimas inauguradas em abril. Em apenas quatro meses, as operações em BH já representavam 15% do negócio (a expectativa da startup é que, em um ano de operação, este número chegue em 30%), na região da Grande BH, onde geraram mais de 60 empregos diretos.  

Criada por três empreendedores que já tinham trabalhado juntos em startups de outros setores, a Daki recebeu o status de Unicórnio depois de atingir um valor de mercado de US$ 1.2 bilhões, ao levantar US$ 260 milhões em Series B. Hoje, conta com mais de 90 dark stores em Minas, São Paulo e Rio.

A promessa da empresa é de entregas em até 15 minutos e, para isso, aposta em dark stores, com raio de entrega reduzido a poucos quilômetros, além de estoque e esquemas de entrega próprios. 

Oportunidades para micro e pequenas

O diferencial, agora, é apostar na personalização de portfólio em BH. Atualmente, mais de 300 produtos locais estão em cadastro para incorporar o sortimento de produtos do app, que conta com mais de 1500 artigos divididos em 20 categorias. E investir em marcas próprias (vinho, produtos de padaria, refeições prontas, higiene, chocolate, etc.), que só estão disponíveis no app (as vagas são disponibilizadas pelo LinkedIn). A expectativa é de que a novidade represente 15% das vendas em um ano. 

Victor Mota, especialista em varejo, ressalta que a estratégia lembra a de muitos marketplaces, em que pequenos empreendedores usam a estrutura de distribuição dos CDs, para agilizar as entregas e alcançar mais consumidores. “O pequeno empreendedor encontra novos mercados, paga um frete menor, otimiza custos e ganha volume de vendas”, destaca. 

E o caminho sem volta do crescimento das vendas on-line reforça para a regra de ouro dos pequenos negócios: fazer mais com menos.

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