Negócios

Empresas de delivery de comidas aumentaram 76% no país desde início da pandemia

Leíse Costa
leise.costa@hojeemdia.com.br
Publicado em 26/02/2022 às 06:30.
OPORTUNIDADE – Com 11 anos na Savassi, Ruy Oliveira, da Tacos Mexican, abriu uma unidade exclusivamente de delivery no Barreiro (Maurício Vieira)

OPORTUNIDADE – Com 11 anos na Savassi, Ruy Oliveira, da Tacos Mexican, abriu uma unidade exclusivamente de delivery no Barreiro (Maurício Vieira)

Se antes da pandemia de coronavírus o formato de delivery era um diferencial no setor de alimentação, agora, a entrega de refeições em casa já se consolidou como uma necessidade para qualquer negócio do ramo. Diferente dos empreendimentos que tiveram que correr para se adaptar e montar uma estrutura voltada para a modalidade, milhares de empresas focadas no delivery de alimentos nasceram nos últimos três anos. Relatório desenvolvido pela DataHub, plataforma de análise de dados, por exemplo, revela um aumento de 76,6% nas aberturas de empresas de entrega de comida no Brasil entre 2019 e 2021. 

Com base nos dados registrados pelo Cnae (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), a pesquisa mostra que, em 2019, 59.176 empresas estavam registradas como estabelecimentos responsáveis pelos serviços que abrangem alimentos embalados para consumo, como marmitex, e restaurantes delivery e saltou para 104.531 empresas. Em Minas Gerais, dos 36.369 estabelecimentos de entregas de alimentos ativos, 41% abriram nos últimos dois anos. O número representa um aumento de 62% nas aberturas comparando 2019 a 2021. A atividade também registrou alta histórica quando comparado os períodos pré-pandemia (2018-2019) e pós-pandemia (2020-2021): mais de 116% em Belo Horizonte e 104% em Minas.

Investimento menor

Para o analista do Sebrae Minas, Diogo Reis, além das medidas restritivas impostas pela Covid-19 que impediram a circulação em locais físicos, outros fatores que explicam a grande adesão ao mercado são os investimentos iniciais e custos para operação mais baixos quando comparados a pontos comerciais. “Há poucas barreiras para entrar no mercado e o investimento para começar é menor. Sem a necessidade de ter o salão do restaurante, é possível operar em pontos menos valorizados, mas estratégicos. Não pode estar afastado, mas não precisa ser na avenida mais movimentada e cara da cidade”, relata.

 Quem atestou esse crescimento na prática foi Gustavo Nogueira, CEO da Smart Kitchen, empresa de alugueis de cozinhas montadas e focadas no delivery, com hubs nos bairros Caiçara e Barro Preto, na capital mineira. “Nossas operações começaram em 2018 já apostando na tendência do crescimento do delivery, mas a pandemia foi um vetor que acelerou e determinou o desenvolvimento do segmento”, afirma.

De acordo com o empresário, a procura pelas locações das chamadas dark kitchen cresceram 50% no primeiro semestre de 2020 e, desde então, a demanda se normalizou, mas segue cerca de 15 a 20% maior que no período pré-pandemia. “Para 2022, nossa expectativa é abrir mais duas unidades, uma no Barreiro e outra em Nova Lima”, acrescenta.

Tempo de preparação e entrega

O analista do Sebrae Minas, Diogo Reis, ressalta que, apesar das vantagens do delivery, o mercado é altamente competitivo. “Como é mais fácil de começar, a chance de saturação é maior. Para sobreviver, é preciso se destacar. Quem já nasceu no delivery sabe que tem que dominar tempo de preparação e logística porque já surgiu com a proposta de ser mais eficiente e, nesses casos, um atraso na entrega estraga completamente a experiência do consumidor”, diz.

Mateus Hermeto, sócio do Barolio, no Vila da Serra, em Nova Lima, correu já nos primeiros meses de 2020 para estruturar uma unidade só de entregas. A agilidade de adaptação garantiu que o restaurante não operasse nenhum dia no vermelho durante a pandemia.

“O delivery tem um ticket médio mais barato porque as pessoas não pedem sobremesa e bebidas como no presencial. Por outro lado, não tem limite, por exemplo, de capacidade de consumidores. Se você tiver estrutura operacional, o céu é o limite”, afirma. No local, os pedidos de entrega são responsáveis por 20% do faturamento, mas já chegaram a representar 70%.

Há 11 anos empreendendo no setor de alimentação, Ruy Oliveira, proprietário da Tacos Mexican, na Savassi, região Centro-Sul, inaugurou uma unidade só de delivery no Barreiro, segunda região mais movimentada de Belo Horizonte, no final de 2020.

“É um modelo de negócio muito enxuto, você pode estar em um local com aluguel mais barato e rodar com menos funcionários. Em compensação, a margem de lucro é menor porque as taxas cobradas pelos marketplaces de delivery podem chegar até 27%”, diz. Segundo o empresário, do total de vendas realizadas no seu negócio em janeiro deste ano, 75% vieram do delivery. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por