Com calor recorde e chuvas escassas, a agropecuária de Minas Gerais já prevê safras enxutas, aumento do custo de produção e prejuízos para os produtores nas colheitas deste semestre – em alguns casos, já há comprometimento até do plantio do ano que vem.
No Norte do Estado, por exemplo, a previsão era a de uma precipitação pluviométrica em torno de 180 milímetros no mês passado, mas foram registrados apenas 14 milímetros no período e com distribuição irregular.
Segundo o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), João Ricardo Albanez, embora ainda não haja um balanço com dados consolidados sobre o impacto da estiagem nas culturas mineiras, a redução já é certa.
“Esperávamos uma produção recorde para este ano, principalmente, em relação aos grãos, mas, agora, existe uma preocupação em todos os aspectos, em todas as áreas, por causa desse veranico”, afirma o superintendente.
Situação crítica
De acordo com o diretor agropecuário do Sindicato dos Produtores Rurais de Paracatu, no Noroeste de Minas, Dalmir Veloso, a região, importante produtora de grãos, está em fase de colheita das culturas de irrigação, portanto, o impacto da seca ainda não foi percebido.
Nas áreas de sequeiro, a safra começará a ser colhida nos próximos 20 dias. “Aí, sim, vamos começar a calcular as perdas e os prejuízos não serão poucos, com certeza. Com o sol quente como está e sem chuva, até o comércio da cidade será afetado e os produtores não conseguirão cumprir seus compromissos”, diz Veloso.
No caso do café, em especial, além da diminuição na quantidade, a qualidade do produto será comprometida em decorrência do estresse hídrico que as plantas estão vivendo.
“Atualmente, o grão está em fase de enchimento, mas ela não será completa, porque as reservas de água estão se esgotando. Isso prejudica o crescimento dos pés, que gerariam as safras de 2015”, afirma o assessor especial de Café da Seapa, Niwton Castro Moraes.
Segundo as previsões meteorológicas, a tensão climática deverá se estender, pelo menos, até o final do mês, quando são esperadas chuvas na região Centro-Sul do Brasil.
Infraestrutura
A tensão climática afeta, também, os canaviais mineiros. Em janeiro, os índices pluviométricos nas principais regiões produtoras, como o Triângulo mineiro, ficaram 50% abaixo do normal, disparando o alerta para o risco de diminuição nos níveis de álcool e açúcar.
A coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, lembra, ainda, que a estiagem também trará efeitos negativos para a produção de leite no Estado.
“A seca já compromete a disponibilidade de pastos em alguns locais, encarecendo o tratamento dos animais, que precisarão de suprimentos alimentares. E temos sérios problemas estruturais de abastecimento de água e energia, além de pragas nas lavouras. O que podemos fazer, agora, é monitorar a situação e alertar os produtores”, diz Aline.