Financiamento fácil acirra corrida ao carro zero, mas falta dinheiro para seguro

Iêva Tatiana - Do Hoje em Dia
02/07/2012 às 11:26.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:15
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A ascensão da classe C à classe média, aliada à facilidade de crédito e isenção de impostos, tem aquecido o mercado de veículos no Brasil. Diante da demanda crescente, porém, as seguradoras têm esbarrado na impossibilidade de oferecer alternativas para o segmento.

Segundo o diretor-executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Neival Freitas, o valor do seguro torna-se incompatível com a renda mensal de quem compra um carro zero quilômetro em até 60 prestações. “Acredito que a maior parte dessa frota de veículos financiados esteja desprotegida e o problema realmente é o preço”, destaca.

Para Freitas, a situação poderia ser diferente se o governo abrisse mão da cobrança do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) nos seguros populares, propostos pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). “A isenção poderia reduzir as tarifas em até 30%”, pontua.

De acordo com o diretor Regional de Vendas da Sul América em Minas Gerais, Marco Neves, cerca de 30% dos clientes da seguradora pertencem à classe C. Para ele, a questão cultural é um agravante somado ao problema do financiamento. “O brasileiro ainda não é muito focado no seguro de automóveis”. Para facilitar o acesso da população de baixa renda aos serviços oferecidos pela Sul América, a empresa disponibiliza assistência 24 horas a baixo custo, mesmo para quem não é segurado. “É uma estratégia muito bem sucedida, porque aproxima o cliente do corretor e gera confiança, além de mostrar a importância de ter um seguro”.

O vice-presidente de Personal Lines da Zurich Seguros, Sérgio Wilson Ramos Júnior, também aposta na facilidade de pagamento. “Estamos procurando, cada vez mais, oferecer serviços a esse público. Temos o maior parcelamento do mercado, o que permite às pessoas endividadas pagarem o seguro”.

Segundo o diretor-executivo da FenSeg, os proprietários de veículos com mais de cinco anos de fabricação são ainda mais prejudicados do que aqueles que adquirem carros novos. Pelo Código de Defesa do Consumidor, todas as peças usadas na manutenção desses automóveis precisa ser nova. “Em alguns casos, essa peça pode custar o equivalente a 25% do valor do veículo, o que torna o seguro desvantajoso. A única forma de corrigir esse problema é encontrar uma maneira de utilizar peças usadas, mas, aí, corremos o risco de incentivar a prática roubos e furtos”.

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