Foco na baixa renda põe construtoras mineiras no topo do ranking do setor no Brasil

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
23/02/2015 às 07:45.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:07
 (André Brant/Hoje em Dia)

(André Brant/Hoje em Dia)

Especializadas no segmento de baixa renda, especialmente no programa Minha Casa, Minha Vida, as mineiras MRV e Direcional lideraram o Ranking ITC - Inteligência Empresarial da Construção, tradicional consultoria de fornecimento de dados do setor. Pelo terceiro ano consecutivo, a MRV Engenharia foi eleita como a maior construtora do país, com 8,7 milhões de metros quadrados de área construída e 383 empreendimentos edificados em 2014.

Em segundo lugar no pódio, com 6,2 milhões de metros quadrados construídos e 75 obras erguidas, aparece a Direcional. A pesquisa, feita há dez anos, engloba as cem maiores empresas que atuam nos segmentos comercial, residencial e indústria, e elenca as que mais construíram no ano.

De acordo com o diretor Comercial e de Marketing da MRV, Rodrigo Resende, a empresa criada há 35 anos vive hoje seu melhor momento. “Nosso foco é no segmento de classe média baixa, onde existe um grande déficit de moradias no Brasil. Há um mercado represado enorme, que viveu durante anos carente de crédito, mas que agora conta com linhas específicas de financiamento, com taxas definidas pelo governo para comprar a casa própria”, diz.

Segundo ele, diferentemente do segmento de médio e alto padrão, a construção voltada para a base da pirâmide não sofreu com a crise nem registrou encalhe de imóveis. E tudo indica que a boa performance continuará em 2015.

“A renda da classe mais baixa continua a crescer e o nível de emprego permanece em patamares bons. Como a demanda é muito grande, mesmo que haja queda nos rendimentos dessa população ainda haverá procura e o setor continuará em expansão”, acredita.

Aproximadamente 90% dos negócios da MRV fazem parte do Minha Casa, Minha Vida. “É um programa que veio para ficar. Qualquer governo que entrar ou permanecer vai mantê-lo e tratá-lo com carinho. Além de proporcionar acesso à primeira moradia, ele utiliza mão de obra intensiva”, afirma.
A empresa atua nas faixas 2 e 3, que beneficiam, respectivamente, famílias com renda mensal de R$ 1.600 a R$ 3.275 e de acima de R$ 3.275 a R$ 5.000.

Ainda de acordo com Resende, em 2014 a MRV entregou 42 mil chaves em 128 cidades brasileiras. Minas responde por 15% dessa fatia. Do total da carteira da empresa, 90% correspondem ao programa Minha Casa, Minha Vida.
 

 

Presença na Bolsa de Valores facilita o acesso a capital

Para analistas de mercado, a liderança das companhias mineiras no ranking ITC é compatível com os resultados que vêm apresentando. “São duas empresas sólidas, e o fato de serem de capital aberto só ajuda. Tratam-se de companhias fiscalizadas por investidores e pelo mercado. Possuem competente equipe técnica, responsável por analisar projetos e segmentos”, avalia o presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza.

Ainda segundo ele, as duas companhias não estão na ponta à toa. “São empresas vistas como exemplo de lucratividade e eficiência”, diz. Segundo comunicado ao mercado emitido pela MRV em 21 de janeiro deste ano, a empresa bateu recorde de vendas contratadas em 2014, atingindo R$ 6,0 bilhões (41.325 unidades), crescimento de 17,9% em volume financeiro e 7,5% em volume de unidades quando comparado a 2013. No quarto trimestre, os lançamentos atingiram R$ 1,207 bilhão (8.487 unidades), um crescimento de 30,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior. No acumulado do ano, os lançamentos atingiram R$ 4,336 bilhões (29.386 unidades), um aumento de 23,3% em volume financeiro e de 15,2% em volume de unidades frente a 2013.

Já a Direcional, cujo foco são empreendimentos populares de grande porte, ainda não divulgou dados de 2014. No balanço mais recente, referente ao terceiro trimestre do ano passado, a empresa informou que obteve “robusta” geração de caixa, alcançando R$ 113 milhões no período. O montante é 66% superior à cifra do terceiro trimestre de 2013. “Na visão acumulada dos últimos 12 meses, a geração de caixa totalizou R$ 250 milhões, o melhor resultado da história da Direcional”, diz o comunicado aos investidores. Procurada, a assessoria de imprensa informou que não havia porta-voz disponível para entrevistas. Para o presidente da Associação dos Analistas e Profissionais do Mercado de Capitais Minas Gerais (Apimec), Juliano Pinheiro, as empresas se mantêm na crista da onda em função do foco nos imóveis da baixa renda.

“Apesar da conjuntura atual desfavorável ao setor da construção, esse segmento continua crescendo. Além disso, como estão listadas em Bolsa, as companhias têm mais acesso a recursos e financiamentos, o que facilita o negócio”, afirma.  

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