Fundos DI e de renda fixa perdem com a elevação dos juros

Bruno Porto - Hoje em Dia
Publicado em 30/08/2013 às 06:56.Atualizado em 20/11/2021 às 21:28.

Os investidores de fundos de renda fixa ou referenciados DI poderão levar um susto nos próximos dias, quando verificarem o valor de suas cotas. Devido à alta da taxa básica de juros (Selic) de 8,5% ao ano para 9% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na última quarta-feira (28), as cotas deverão se desvalorizar nos próximos dias, como resultado de um fenômeno chamado “marcação a mercado”.

Mas só vai perder dinheiro efetivamente quem se apavorar e fizer o resgate agora. Com o tempo, as cotas vão recuperar o seu valor.

A marcação a mercado é um mecanismo utilizado para dar mais transparência ao investidor. Por meio dela, os fundos são obrigados a registrar o valor de mercado real dos ativos que compõem sua carteira, como títulos públicos ou privados, por exemplo.

Os títulos da carteira dos fundos são negociados diariamente no mercado, e a taxa Selic é usada como referência. Quando a taxa sobe, a rentabilidade dos títulos é acelerada e, portanto, seu valor antes do vencimento tem um desconto maior. Quando a taxa cai, o movimento é inverso.

A coisa funciona da seguinte maneira: se o gestor do fundo compra um título hoje com o valor de face (valor no dia do resgate) de R$ 1.000 e paga por ele R$ 700, com prazo de validade de dois anos, até 2015 esse título sofre oscilações diárias, conforme a taxa de juros praticada pelo mercado. Mas, no vencimento, serão resgatados R$ 1.000.

Por desconhecer a dinâmica dos fundos, muitos investidores acabam perdendo dinheiro. O afobamento para resgatar aparece nas estatísticas do setor. Nos últimos trinta dias, a captação líquida dos fundos DI ficou negativa em R$ 1,84 bilhão, e a dos fundos DI, em R$ 4,95 bilhões. Economistas consideram essa fuga uma consequência da marcação a mercado.

“A regra básica é não tomar decisões durante a turbulência. O investidor não pode, ao ver no extrato seu título valendo menos, vender com receio de perda ainda maior, até porque há a garantia de receber o valor contratado no final do período”, diz o economista da Simplific Pavarini e professor do Ibmec/RJ, Alexandre Espírito Santo.

A tendência, até o final do ano, na avaliação dele, é de a Selic seguir em alta, com possibilidade de atingir 10% ao ano, o que manterá o cenário desfavorável para o resgate.

Para garantir maior liquidez a esse mercado, o Tesouro Nacional tem realizado ações de recompra de títulos, uma vez que, em virtude da desvalorização, não existem interessados privados ou, no jargão do mercado, “os investidores foram à praia”.

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