Gastos com saúde mental comprometem até 10% da renda de 44% dos brasileiros, aponta Serasa
Pesquisa revela alta nos custos com medicamentos, terapia e consultas, especialmente durante o Setembro Amarelo
Cuidar da saúde mental pesa cada vez mais no bolso dos brasileiros. De acordo com uma pesquisa da Serasa em parceria com a Opinion Box, 44% da população afirma que os gastos com remédios, terapia e outros atendimentos comprometem até 10% da renda mensal. Outros 30% dizem que esse percentual varia entre 11% e 25%, revelando que os custos com bem-estar emocional estão longe de ser simbólicos.
O levantamento foi realizado entre os dias 8 e 19 de agosto, com 1.240 entrevistas em todas as regiões do país, e revela o impacto financeiro de um tema cada vez mais presente no Setembro Amarelo, mês de conscientização e prevenção ao suicídio.
Alta nos gastos e mudanças de comportamento
A pesquisa mostra que os principais investimentos em saúde mental são com medicamentos (38%), terapia e psicólogos (21%), planos de saúde (17%) e consultas com psiquiatras (16%). Em comparação com o ano passado, todos esses itens registraram crescimento. Os gastos com remédios, por exemplo, saltaram de 24% para 38%, um aumento de 14 pontos percentuais.
Outro destaque é o quanto os brasileiros efetivamente gastam por mês com esses cuidados: 33% destinam entre R$ 101 e R$ 300, enquanto apenas 18% conseguem limitar o custo a R$ 100. Curiosamente, 30% afirmam que gostariam de investir até R$ 100, o que revela uma lacuna entre desejo e realidade.
Planejamento financeiro é afetado
O impacto financeiro direto é visível: 26% dos entrevistados dizem enfrentar dificuldades constantes por causa desses gastos. Outros 25% relatam que já passaram por esse aperto, mas hoje estão sob controle. Há ainda quem tenha enfrentado o problema de forma ocasional (25%) e os que nunca passaram por isso (24%).
Para o especialista da Serasa em educação financeira, Thiago Ramos, os dados mostram que o cuidado com a mente precisa estar no centro do planejamento pessoal. “Cuidar da saúde mental não deveria ser um privilégio, mas uma parte essencial da vida de todos”, afirma. “É fundamental que as pessoas consigam se planejar financeiramente para incluir esse cuidado na rotina. A educação financeira é, também, uma ferramenta de bem-estar e prevenção”
Falta de recursos e acúmulo de demandas dificultam o autocuidado
Entre os que não conseguem investir mais na própria saúde mental, os principais obstáculos apontados são:
- Prioridade para outras áreas da vida (20%)
- Falta de condições financeiras (18%)
- Acúmulo de responsabilidades (11%), que dificultam o autocuidado
Metodologia
A pesquisa foi realizada entre 8 e 19 de agosto de 2025, com 1.240 entrevistas em todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais.
*Estagiária, sob supervisão de Paulo Duarte
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