
DE CAPITÓLIO, FORMIGA E PIMENTA – Uma das principais atividades econômicas da região de Furnas, o setor imobiliário, deveria estar fervilhando nesta época do ano, mas para conter prejuízos entrou numa espécie de hibernação. As ações de marketing e propaganda foram postergadas e as vendas de casas e terrenos nos diversos condomínios da região seguem o ritmo fraco do turismo.
“Levar os clientes para navegar não é um bom negócio. As apresentações só são boas com o lago cheio”, afirma Délcio Viani, sócio de dois grandes balneários cujos lotes estão à venda na região: Lago Vitória, também conhecido como Condomínio do Farol, e Brisas do Lago. Nos dois, foram investidos mais de R$ 20 milhões. O valor total aportado nos condomínios da região desde 2010 ultrapassa a marca de meio bilhão de reais.
De acordo com o investidor, três de cada dez pessoas que visitam os condomínios acabam fechando negócio. “A vista é inacreditável e as possibilidades de passeios são inúmeras. Além disso, os balneários contam com infraestrutura completa, como clube com piscinas, salões de festa, academia e outros”, diz.
Já o gerente-geral da imobiliária Ranchão, Eley José da Costa, diz que as vendas não foram interrompidas. Localizada no luxuoso condomínio Escarpas do Lago, em Capitólio, a imobiliária é especializada em imóveis sofisticados. “Talvez seja por isso que as vendas não caíram”, diz o gerente-geral.
Uma casa em Escarpas custa a partir de R$ 450 mil, com quatro quartos e piscina. O limite é o céu. “Existem imóveis avaliados em milhões”, afirma Costa. Estima-se que existam 1.100 casas instaladas no condomínio, que possui o Clube Náutico Escarpas do Lago. Nele, é possível comprar garagens para embarcações.
Somente as vendas de lanchas continuam em ritmo normal. Na Chiquinho Lanchas, são comercializadas cerca de dez por mês. “Em Escarpas, embarcação é status. Se um compra uma lancha maior, o outro quer também”, afirma o vendedor da concessionária, Ernani Antônio Silva.
Socorro de R$ 13 bi ao setor divide ônus.
Se por um lado o acionamento das usinas térmicas ajuda a manter os reservatórios em situação menos desfavorável, de outro, onera o sistema elétrico pelo fato de elas serem abastecidas por combustíveis mais caros do que a água. Para reduzir o rombo das distribuidoras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um pacote de medidas.
Entre eles, um desembolso de R$ 4 bilhões para o setor por meio do Tesouro Nacional, que será somado aos R$ 9 bilhões já liberados pelo Tesouro à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), resultando em R$ 13 bilhões.
Com as medidas, a conta de energia deve subir nos próximos reajustes, mas o aumento será inferior ao que ocorreria se o governo não entrasse com os recursos.
De acordo com Mantega, o montante será compensado com aumentos programados de alguns tributos ao longo do ano e de recursos da complementação do Refis do ano passado. “Vamos dividir o ônus entre União, consumidores e o Sistema Elétrico”, comentou, na semana passada.
Para cobrir o custo, a Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE) vai captar junto ao mercado um financiamento de R$ 8 bilhões. O objetivo é cobrir os gastos das distribuidoras com as geradoras.
O ressarcimento à CCEE será feito a partir do repasse aos consumidores, com aumento de tarifas. Esse pagamento será escalonado ao longo do tempo e com datas pré-estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O governo anunciou, ainda, um leilão de energia hidrelétrica e térmica para o dia 25 de abril. Na oportunidade, as distribuidoras poderão contratar energia diretamente das geradoras, ignorando o mercado livre, onde o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) – que é o preço da energia à vista sem negociação – está em R$ 822,83 o megawatt-hora (MW/h). A entrega dessa energia será a partir de maio.