
A indústria mineira encolheu em 2013. A produção no Estado encerrou o ano de 2013 com queda de 1,3%, ante um crescimento de 1,2% no país.
Considerando somente dezembro, na série dessazonalizada, o tombo da produção nas indústrias mineiras foi de 8,6%, o pior resultado do país. O recuo no último mês do ano foi o mais intenso desde fevereiro de 2013, quando a retração chegou a 11%.
Os números foram divulgados na última sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O nível da produção industrial mineira de dezembro de 2013 é equivalente à de janeiro de 2010. De lá pra cá, o setor teve picos positivos, mas que não se sustentaram. Ou seja, é como se a indústria estivesse há quase quatro anos andando de lado no Estado”, afirmou o analista do IBGE em Minas, Antonio Braz.
Para o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Fernandes, dezembro foi um ponto fora da curva. “Foi uma exceção, um resultado negativo que afetou o resultado do ano como um todo. Muitas indústrias optaram por dar férias coletivas em dezembro e o Natal decepcionou”, disse.
Além de Minas, outros 10 estados ou áreas apresentaram queda no indicador mensal, com destaque para Paraná (-7,3%) e Ceará (-6,2%).
Já no resultado do ano, acompanharam Minas apenas Espírito Santo (-6,7%) e Pará (-4,9%). As demais 11 áreas pesquisadas encerram 2013 com crescimento.
No Estado, houve recuo em nove das 13 atividades investigadas. Entre os principais destaques negativos figuraram a indústria extrativa mineral (-6,2%) e veículos automotores (-7,6%), pressionados, principalmente, pela menor produção de minério de ferro e automóveis, respectivamente.
Preços e câmbio
“A indústria mineral teve um primeiro trimestre muito ruim. Mas, apesar da produção física menor, os preços internacionais subiram e o câmbio também ajudou. Já a indústria automotiva perdeu vendas especialmente no final do ano. O setor cortou promoções e aumentou a venda com consórcios, mas as ações não foram suficientes”, afirmou Lincoln Fernandes.
Por outro lado, o setor de alimentos foi muito bem durante o ano de 2013, com aumento de 6,7% na produção. Refino de petróleo e álcool e máquinas e equipamentos, com expansão de 8,4% e 17,7%, nessa ordem, completam a enxuta lista de contribuições positivas mais relevantes sobre a média da indústria estadual.
Ainda vale citar o setor têxtil, com desempenho positivo de 3,8% no ano de 2013.
Férias coletivas explicam o mau resultado de dezembro
As férias coletivas foram as vilãs da produção da indústria em dezembro em todo o país. Além de Minas, onde o recuo de 8,6% foi o maior do país, outras 10 áreas pesquisadas pelo IBGE apresentaram quedas. Em São Paulo, o tombo no mês foi de 5,5%. O resultado é o mais fraco desde 2008, quando o indicador caiu 15,2%.
Segundo o técnico da Coordenação de Pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo, o aumento na concessão do descanso forçado, espalhado por várias atividades, também afetou a produção do principal parque industrial do país.
A situação já havia sido mencionada pelos técnicos do instituto na última terça-feira, quando os resultados da produção a nível nacional foram divulgados. A queda de 3,5% na produção brasileira também foi a maior desde dezembro de 2008 (-12,2%).
Além do aumento na concessão de férias coletivas, que afetou a produção industrial em pelo menos 11 das 14 regiões pesquisadas, outros fatores pesaram na atividade em alguns locais. No Paraná, por exemplo, a paralisação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, prejudicou a atividade de refino de petróleo.
Em dezembro, a produção industrial paranaense caiu 7,3% em relação a novembro. Só não foi um baque maior do que em Minas. Por aqui, Lobo acredita que a sequência de taxas positivas nos quatro meses anteriores tenha gerado uma base alta, o que acentuou o efeito das férias coletivas. O Estado abriga a fábrica da Fiat, da Iveco e da Mercedes-Benz.