Alto custo

Inflação do aluguel suga renda e castiga famílias da Grande BH

Jader Xavier
jsbarbosa@hojeemdia.com.br
Publicado em 13/06/2022 às 07:38.
 (Flávio Tavares/Arquivo)

(Flávio Tavares/Arquivo)

O estoque em baixa e a alta demanda fizeram disparar o preço do aluguel de imóveis residenciais na Grande BH, piorando um cenário que em 2019 já era grave. De 2016 para aquele ano, houve um salto de 60% na quantidade de famílias que ganhavam até três salários mínimos e tinham 30% da renda ou mais comprometida com essa despesa – o maior aumento percentual do indicador no período. De lá para cá, a inflação fez o dinheiro encolher. Pagando mais para morar, sobra menos para outros gastos e já tem gente fazendo malabarismo e buscando recurso extra para bancar o teto onde vive.

Foi a saída encontrada pelo estudante Lucas Eufrosino, de 32 anos, e a esposa. “Quando aluguei, o gasto ficava em torno de 25% da nossa renda. Com o aumento do aluguel e do condomínio e a falta de mudanças no salário, complicou tudo. Todo mês, o aluguel consome 45% do nosso rendimento, contando com o extra”.

Quem também está no limite é o supervisor de almoxarifado Roberto Minoda França, de 39 anos. Pagando R$ 920 de aluguel no bairro Horto, Leste de BH, vê 34% do rendimento ser engolido por essa despesa todo mês. “Tenho que economizar bastante. Vou fazendo ajustes para priorizar o aluguel. Não fosse isso, poderia dar uma condição (de conforto) melhor para o meu filho”. 

Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas, em 2016 havia na Grande BH 51.121 famílias destinando 30% da renda, ou mais, para o aluguel. O número subiu para 81.734 em 2019.

E não há tendência de melhora, pelo menos no curto prazo. Só na capital, o número de moradias alugadas no primeiro trimestre de 2022 subiu 15% em relação ao mesmo período do ano passado, mostra pesquisa da Netimóveis com 50 imobiliárias.

“Algumas regiões de BH estão com o estoque quase zerado. Houve um aumento na procura muito expressivo”, afirma a diretora da Orcasa Netimóveis, Flavia Vieira.

E se a oferta de imóveis é pequena, mas a procura é grande, o preço sobe. De dezembro para cá, a locação em BH aumentou 20%. Um apartamento alugado por R$ 2 mil agora custa R$ 2.400. 

Noivos, a jornalista Maiara Brito, de 26 anos, e o profissional de Educação Física Paulo Oliveira, de 33, estão há seis meses em busca de um apartamento. “Está difícil. Quando encontramos um com preço bacana, está caindo aos pedaços”, reclama Maiara.

Os locais com maior escassez são próximos de escritórios e instituições de ensino. O público que mais procura aluguel atualmente é formado por estudantes e trabalhadores que estão retornando do home office.

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por