
A aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia do Ministério da Justiça, da transação envolvendo Itambé e Vigor, é só uma questão de tempo. Por R$ 410 milhões, 50% da mineira foram comprados pela empresa de laticínios da holding J&F, que também controla o grupo JBS. Como cada uma tem sua especialidade, não há motivo algum para que o negócio não se concretize.
Esta é a avaliação do presidente da Itambé, Jacques Gontijo, que recebeu o Hoje em Dia na última terça-feira, no novo prédio da sede da Itambé em Belo Horizonte.
“Há pouca coincidência de produtos entre as duas. Leite em pó e leite condensado, por exemplo, são responsáveis por 60% das vendas da Itambé, mas o forte da Vigor são os queijos, alimento que não faz parte do nosso portfólio”, diz Gontijo.
Similares
Os produtos similares entre as fabricantes são iogurte e requeijão. Porém, segundo ele, cada uma das empresas não possui mais que 7% do mercado nos dois segmentos citados. “A líder detém 30% e a vice-líder, 20%. Portanto, não há perigo de concentração”, afirma.
O Cade tem até um ano para se posicionar sobre a operação. Se aprovada, como tudo leva a crer, a estrutura da organização vai sofrer modificações. O Conselho de Administração da nova S.A. contará com seis membros, três de cada empresa. Uma consultoria especializada na contratação de executivos fará o serviço de headhunter e indicará um CEO.
“Esse profissional vai escolher outros dois ou três para os cargos de diretores. Mas esses nomes têm que ser aprovados pelo Conselho”, detalha Jacques Gontijo, que segue presidente da Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR), proprietária da marca Itambé.
O namoro entre Itambé e Vigor, que acabou em casamento, começou em 2011. Na época, a mineira procurava maneiras de capitalizar o negócio e cogitou a hipótese de fazer um IPO (oferta pública de ações na Bolsa de Valores). “Mas não chegamos a um acordo sobre os valores”, justifica Gontijo, referindo-se às negociações das duas empresas à época.
Solução
A solução encontrada – e aprovada por unanimidade por 31 das cooperativas que formam a CCPR – foi, no final do ano passado, transformar a Itambé em S.A. A CCPR ficou com a fábrica de ração em Contagem, os armazéns para venda de insumo aos produtores e a captação de leite. Já as unidades fabris foram transferidas para a S.A., que pertence à Cooperativa e agora teve 50% negociados.
O negócio com a Vigor também teve aprovação unânime entre as 30 cooperativas presentes na reunião. O dinheiro vai servir para pagar dívidas de financiamento, que foram transferidas da CCPR para a Itambé S.A, e para expandir as fábricas”, diz Gontijo.