Espaço para crescer

Mais de 40% do varejo mineiro ainda não está presente no e-commerce

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 18/01/2023 às 07:00.
Com a pandemia, Cristina Bueno e o marido anteciparam o projeto de e-commerce na papelaria: hoje 40% das vendas são on-line (Arquivo Pessoal)

Com a pandemia, Cristina Bueno e o marido anteciparam o projeto de e-commerce na papelaria: hoje 40% das vendas são on-line (Arquivo Pessoal)

A pandemia deixou para os comerciantes e prestadores de serviços o desafio de viver e vender em um mundo híbrido. "Não é apenas físico nem só digital. Esse novo mundo traz as duas coisas juntas”, destaca a analista de inovação do Sebrae Minas, Alessandra Simões. O comércio eletrônico é um caminho inevitável e já está sendo traçado pela maior parte dos comerciantes mineiros.

Segundo pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), 55,2% das empresas mineiras têm presença on-line. O percentual mostra que ainda há um grande potencial de crescimento nesse universo, o que coloca o varejo mineiro em boas condições de ter cada vez resultados melhores. 

Mas não é um caminho simples. O caso de Luciano Cassimiro e Cristina Bueno, donos da 101 Papelaria, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, resume bem a realidade enfrentada pela maioria dos comerciantes, que ainda têm "medo" de entrar no digital, principalmente por não saberem como lidar com a ferramenta.

Com uma loja pequena, montada há mais de 25 anos, o casal tinha planos de aderir ao comércio eletrônico, mas teve que acelerar o projeto por causa da pandemia. Hoje, 40% das vendas da empresa vêm do comércio eletrônico. Mas, para chegar nesse ponto, foi necessário experimentar.

"A gente primeiro abriu um site próprio, porém não teve a adesão esperada. Então partimos para as redes sociais - em Instagram e WhatsApp -, onde tivemos um engajamento e vendas melhores. Mas foi a entrada em um 'marketplace' que disparou nossas vendas on-line para regiões que vão além do nosso bairro”, destaca Luciano. 

Marketplace são grandes portais de varejistas, nacionais e internacionais, onde pequenas lojas podem vender seus produtos pagando um percentual para a dona da loja principal. Segundo a Fecomércio, 13,77% das empresas mineiras com presença on-line estão em marketplaces. A grande maioria, no entanto, prefere apenas as redes sociais para suas vendas digitais. Das empresas que comercializam seus produtos de forma on-line, 67,47% usam WhatsApp; 60,51%, o Instagram; e 38,85% vendem pelo Facebook.

A pesquisa mostra ainda que o rompimento de fronteiras é uma das grandes vantagens do comércio eletrônico. Entre as empresas pesquisadas, 62,87% vendem para fora da cidade de origem e 9,5% chegam a entregar produtos fora de Minas Gerais.

Caminho do sucesso
Segundo Alessandra Simões, do Sebrae, cada empresa deve avaliar seu público e seu tipo de produto para determinar qual caminho on-line deve escolher. Mas para ter sucesso na empreitada, todas terão que ser mais do que simples entregadoras de produtos. “As empresas precisam criar valores para suas comunidades. Tanto locais, quanto nichos que devem criar para seus produtos”, diz.

Ela destaca que é a hora do discurso virar realidade e que muitas empresas terão que mostrar realmente que contribuem para as comunidades. Segundo Alessandra, em um ambiente de muita competição, como o comércio on-line, ter vínculos e valores com o público pode ser o diferencial. “Desde uma política de sustentabilidade, como ‘produtos carbono zero’, ou criar uma economia circular - recomprando ou dando um destino aos produtos vendidos na empresa - podem ser diferenciais neste mundo híbrido”, avalia.

Lojas físicas vão continuar
O avanço do comércio on-line, no entanto, não significa o fim das lojas físicas, alerta Alessandra. Muitas vezes, a própria relação on-line com o consumidor pode demandar a criação de uma loja física. “Essa venda consultiva - quando o consumidor quer ou precisa experimentar o produto - vai continuar. Temos que ter, claro, não existe uma disputa entre canais. Vendas físicas e on-line vão acontecer juntas”, reforça. 

A Pizzaria Giaco, de Douglas Medrado, é um exemplo de empresa que começou na internet e acabou migrando para o meio físico. “Nós tínhamos um produto diferenciado, uma receita que não existia aqui, e resolvemos fazer o serviço de delivery. Mas já nas primeiras semanas percebemos que seria necessário a loja física. Os clientes ligavam e pediam reservas”, conta. 

Segundo ele, o custo de uma loja física é muito maior que o gasto com presença on-line, mas é o diferencial na relação com os clientes que faz a diferença. “As pessoas queriam provar cartas de vinho, ter uma experiência diferente, por isso abrimos o espaço”, diz.  

Despreparo
Para o presidente da Fecomércio MG, Nadim Donato, muitos empresários deixam de investir no e-commerce por falta de orientação ou conhecimento. "O empresariado precisa de suporte especializado que o oriente para poder desenvolver seus negócios”, afirma. Segundo a pesquisa da entidade, entre as empresas sem presença on-line, 58,5% apresentaram justificativas como incapacidade para planejamento ou falta de mão de obra para fazer o comércio eletrônico.

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